Reconheço o Campeonato Brasileiro como a grande vedete do nosso futebol. A taça
do Brasileirão é de longe a mais cobiçada. O Brasileirão é o que traz status, o
que mais dá ao torcedor a possibilidade de tirar uma onda com os adversários,
detalhe que talvez bastasse para que os apaixonados pelo jogo o tivessem em alta
conta. Mas sou capaz de afirmar ainda que ele é mais do que isso. O Brasileirão
tem um quê de play-list, aquela relação de músicas que as rádios tocam desde
sempre por motivos outros e que entram na nossa cabeça mesmo que a gente não
queira. É só notar .
Até quem não acompanha futebol acaba por saber o que se
passa com ele. Mas há uma qualidade que o Brasileirão não tem, e em breve terá
ainda menos: representatividade. Definidas as vagas do ano que vem o considerado
principal campeonato do país terá apenas dois times de fora do eixo Sul-Sudeste.
Serão eles o Goiás e o Sport. E é na falta desse encanto da pluralidade que a
Copa do Brasil ganha cada vez mais a minha simpatia. Há uma atitude que os times
pequenos emprestam a ela que faz muita falta ao Brasileirão. Além dessa atitude, considero muito salutar o fato da Copa do Brasil nos fazer dar de cara com
escretes de outros cantos, muitas vezes desconhecidos.
E se levarmos em
conta quantos desses times do tal eixo Sul/Sudeste se encontram nas mesmas
cidades, ou próximos a elas, ficamos cara a cara com um universo ainda menos
expressivo. Do jeito que o negócio anda enquanto a população dessas grandes
cidades pra lá de robustas derem conta de manter o faturamento subindo ninguém
se importará de deixar algumas dezenas de milhões de torcedores fora da grande
festa do futebol. Mesmo que a história mostre - pra quem estiver disposto a ver
- que o futebol nunca teve tanta força quanto no tempo em que o universo de
envolvidos com ele era infinitamente maior.
E é interessante notar também como
mesmo diante desse desequilíbrio o futebol do nordeste, e algumas vezes o do
norte, ainda conseguem médias de público que deixam alguns chamados grandes
daqui no chinelo. O futebol moderno, do ponto de vista mercadológico, tem se
transformado numa imensa peneira, que vai excluindo da roda os menos afortunados
do ponto de vista econômico. Em outras palavras, acho que muito tem sido feito
em nome do futebol e pouco para que ele volte a ter a força que já teve um dia.
Mas, é só uma reflexão.
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