quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Brasileirão. Brasileiro?


Reconheço o Campeonato Brasileiro como a grande vedete do nosso futebol. A taça do Brasileirão é de longe a mais cobiçada. O Brasileirão é o que traz status, o que mais dá ao torcedor a possibilidade de tirar uma onda com os adversários, detalhe que talvez bastasse para que os apaixonados pelo jogo o tivessem em alta conta. Mas sou capaz de afirmar ainda que ele é mais do que isso. O Brasileirão tem um quê de play-list, aquela relação de músicas que as rádios tocam desde sempre por motivos outros e que entram na nossa cabeça mesmo que a gente não queira. É só notar .

Até quem não acompanha futebol acaba por saber o que se passa com ele. Mas há uma qualidade que o Brasileirão não tem, e em breve terá ainda menos: representatividade. Definidas as vagas do ano que vem o considerado principal campeonato do país terá apenas dois times de fora do eixo Sul-Sudeste. Serão eles o Goiás e o Sport. E é na falta desse encanto da pluralidade que a Copa do Brasil ganha cada vez mais a minha simpatia. Há uma atitude que os times pequenos emprestam a ela que faz muita falta ao Brasileirão. Além dessa atitude,  considero muito salutar o fato da Copa do Brasil nos fazer dar de cara com escretes de outros cantos, muitas vezes desconhecidos. 

E se levarmos em conta quantos desses times do tal eixo Sul/Sudeste se encontram nas mesmas cidades, ou próximos a elas, ficamos cara a cara com um universo ainda menos expressivo. Do jeito que o negócio anda enquanto a população dessas grandes cidades pra lá de robustas derem conta de manter o faturamento subindo ninguém se importará de deixar algumas dezenas de milhões de torcedores fora da grande festa do futebol. Mesmo que a história mostre - pra quem estiver disposto a ver - que o futebol nunca teve tanta força quanto no tempo em que o universo de envolvidos com ele era infinitamente maior. 

E é interessante notar também como mesmo diante desse desequilíbrio o futebol do nordeste, e algumas vezes o do norte, ainda conseguem médias de público que deixam alguns chamados grandes daqui no chinelo. O futebol moderno, do ponto de vista mercadológico, tem se transformado numa imensa peneira, que vai excluindo da roda os menos afortunados do ponto de vista econômico. Em outras palavras, acho que muito tem sido feito em nome do futebol e pouco para que ele volte a ter a força que já teve um dia. Mas, é só uma reflexão. 

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