Não se trata de uma previsão, entendam. Sempre fui cheio de receio com elas e, diante do que tenho visto, quando o assunto é esse, tento o drible. Vou além, começo a considerar a hipótese de estarmos vivendo um castigo imposto pelo Deus do futebol, cansado de ter que aturar tanto pragmatismo, tanta lógica. Duvido que haja a essa altura um comentarista invicto. O sobrenatural derrubou todos nós.
Em algum momento desta temporada, um a um, tivemos nossas teorias demolidas por uma realidade qualquer que se desenhou no gramado. Alguém abriu a tal caixinha de surpresas, só pode ser. Uma coisa lhes digo, é preciso aproveitar o presente porque o futuro pode ser menos rico de possibilidades. Não dá pra esperar que a gente chegue à ultima rodada assim, com essa invejável riqueza de candidatos ao caneco.
Temos feito verdadeiras odes ao momento vivido pelo Brasileirão, com razão. Instigados, destilamos infinitas possibilidades, pesquisamos e confrontamos números e mais números, como se pudessemos prever a vida, antecipar o desfecho, entender tudo. Santa e apaixonada pretensão. Sinto-me na obrigação de alardear o óbvio, fazer atentar para o mais provável.
Estamos no auge. No ponto chave. É como se fosse uma nobre conjugação dos astros. Um período raro. Um alinhamento que engrandece a vitória. Algo poucas vezes visto. E esse equilíbrio estampado na tabela, a seis rodadas do fim, sugere, oferece, um grande prazer.
As últimas garfadas de um bom prato, os últimos goles de um grande vinho, e todas as outras besteiras que vocês possam pensar, não têm seu melhor momento exatamente quando acabam. Os defensores do mata-mata podem até fazer disso um argumento.
Sejamos pragmáticos pra viver também.
Se você permanece entre os que podem se divertir pensando que seu time será campeão, aproveite. Dentro de algumas rodadas a história tem tudo pra ser outra. A hora é essa. Torça, reúna os amigos, porque a exatidão da matemática não deixará a mínima dúvida se tiver que acabar com a brincadeira. E, pior, não mandará recado. No final tudo será mais sóbrio, mais resumido, terá quase a ênfase de um decreto. Restará um campeão, os classificados para a América.
Neste momento temos muito mais do que isso. Temos uma multidão de torcedores multicoloridos alimentando essa imensa roda de ilusão. Ao final, restará apenas a festa de alguns. Mas se estamos sujeitos as penitências desse senhor que tudo pode no universo ludopédico, podemos pedir uma benção também.
Meus amigos, não seria má idéia clamar para que um juiz mal intencionado, ou um bandeirinha desatento e despreparado, não venha cortar o nosso barato, por mais que isso soe como um milagre e não como uma benção. É hora de curtir. A maioria pode não ter essa chance depois.
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