O mais clássico dos clichês não será capaz de resistir a corrosiva modernidade que se apresenta. E, embora já exista muito marmanjo por aí se confessando impressionado com as atuações da Lílian Cabral durante o horário nobre, o futebol continua sendo a nossa "novela" preferida.
Que cada um faça como quiser. "Viver a vida" é mesmo um título sugestivo.
Enquanto escrevo este artigo, observo de longe o time feminino que me cerca. Está todo lá na sala, de olhos grudados na telinha, consternado e insatisfeito com o que assiste. Imagino que deva estar sentindo algo muito parecido com o que sentiram os que aguardaram ansiosamente o embate entre São Paulo e Inter uma semana atrás.
Tudo bem que não é só o futebol que tira nossas mulheres do sério. É a profunda filosofia que se estabelece por tudo, pelo impedimento, pela canelada, pelo erro do árbitro. Sem falar nas análises intermináveis e na horda de comentaristas rudes que teima em gritar na sala.
Aí elas entortam o nariz pra nós, como se não fosse trash esperar dias pelo momento em que uma das personagens do folhetim ficará paraplégica. É! Tenho sacado essa história no ar faz tempo. Já sei o que vocês estão pensando. Entendam. É que pra traçar esse paralelo precisei reparar no que se passa. Mas ouso jurar que não se tratou nem de uma considerável espiadinha.
Pra resumir, o que está acontecendo é simples, é como diz o verso do tema de abertura, "tem dias que eu fico pensando na vida". Mas avise aí em casa que elas não precisam se preocupar, porque se por um lado os nossos capítulos têm noventa minutos mais o intervalo - e às vezes a gente teima em assistir uns quatro, cinco, por dia - por outro lado nossa novela está perto do fim. E como está boa, hein?
Só não entendi direito porque é que o mocinho do Brasileirão resolveu levar o vilão pra dentro da concentração. Vai entender a cabeça desses roteiristas. Mas se anda tudo embolado, indefinido, e você está pra lá de entretido, tudo bem, só não pense que somos nós que estamos por cima. Nada disso. Acho bom rever seus conceitos. Esses ao menos. Todos seria um trabalho em vão.
Elas é que estão por cima, estão na crista da onda. A novela delas tem cenas em Paris, tem as formas da Aline Moraes, e a nossa as formas do Ronaldo, do Dentinho. Bom, também não dá pra querer ganhar todas. Levamos um drible e nem percebemos. Ou você não se deu conta?
Há tempos fomos rebaixados.
É a tal modernidade corrosiva que citei no início. É delas o horário nobre, senhores. Inteirinho. A nossa novela só pode começar depois que a delas termina. E vai mexer pra ver. Talvez seja por isso que quando a novela delas acaba um outro refrão fica rondando minha cabeça feito provocação. Falo daquele que diz, " ... sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão".
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