Senhores, o grande dia vem aí. Não exatamente pra nós, comuns. Mas creiam, neste momento, um time seleto, formado por figuras conhecidíssimas e manjadas, esfrega as mãos de modo frenético, e não vê a hora de saber o resultado do pleito a ser realizado na Dinamarca no próximo dia dois de outubro.
Será lá, em Copenhage, que os membros do Comitê Olímpico Internacional decidirão pra quem darão a honra de sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Não se desesperem, podem tomar o chopp do final de semana, fazer a caminhada diária, tirar um tempo pra terminar aquela prazerosa leitura inacabada, ou sair pra comprar um agrado pros filhos ou pra patroa, que ainda temos alguns dias pra viver sem ter assumido tamanha responsabilidade, tamanho papagaio.
Escrevo com certa antecedência de propósito, pra lembrar que ainda valem rezas, mandingas e figas pra que alguém de bom senso cruze nosso caminho. Como por aqui anda tão difícil, quem sabe por lá.
Tudo bem que a empreitada já levou muitos milhões de reais do nosso cofre. O trem está andando. Ainda assim seria bom parar por aí, podes crer. Antes que os milhões virem bilhões. Sentindo os músculos do pescoço tensos, volto a reforçar minha teoria. Esse negócio de sediar Copa, Olimpíada, devia é ser decidido num plebiscito, afinal, a grana é nossa. Basta de decisões entregues nas mãos de alguns, sempre solícitos a responder por todos. Sabemos bem no que isso acaba dando.
Em meio ao oba-oba, a Prefeitura do Rio, que junto com o governo do Estado já havia colocado nove milhões de reais na brincadeira, dias atrás liberou, sem licitação, mais três milhões e meio de reais aos organizadores da Rio-2016. Fortuna que será gasta nos dias anteriores à votação, que terá a presença de Lula e do Rei Juan Carlos, da Espanha, o do "Por que no te calas?", lembra? Os dois, aliás, prometem unir forças, se for o caso.
Eufóricos, os envolvidos pensam em espalhar shows e telões pela orla carioca no dia decisivo. Tudo soa cínico. Falam de um Rio de Janeiro seguro. Querem que a gente ignore a realidade que nos cerca e ameaça. E não é o Rio, é o Brasil, até nas suas cidades mais tranquilas e pacatas, que está de mãos pra cima, ao alto, rendido.
Só podem estar curtindo com a nossa cara ao dizer que a candidatura tupiniquim peca na infraestrutura mas é superior nas garantias dadas por todas as esferas de governo. Em outras palavras, somos bons em bancar orçamentos mal calculados, estourados. Nisso é bem possível que sejamos recordistas mundiais. Piada, piada.
Imagine só. Um sujeito se aproxima de você e fala, você conhece a da Olimpíada na América do Sul? Convenhamos, é um bom começo. Quer dizer... Na sequência, se for bom piadista, poderia emendar a da FIFA com seu "fair-play econômico", pedindo aos compradores e vendedores de atletas milionários que preencham fichas com todas as infrormações sobre a transação pra ver se elas batem umas com as outras. Melhor que essa só a dos bingos, que agora terão controle absoluto e ajudarão o esporte de verdade.
Meus Caros, estamos prestes a acordar incluídos nessa festa de gala, nesse passo gigantesco rumo ao tão falado país do futuro. Só não sei se é pra rir ou pra chorar.
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