Nesta semana eu sei que falar da seleção seria estar "up to date", como gostam de dizer alguns modernos. Tecer teorias a respeito das finais da Copa do Brasil, ou sobre os duelos da Taça Libertadores seria respeitar, de certo modo, o factual, como gostam de dizer os jornalistas.
Mas aproveito a minha liberdade de expressão para desobedecer a linha do tempo, que insiste em nos levar pra frente, sempre. Há exatos vinte e três dias, Diguinho, atleta do Fluminense, foi a principal vítima de uma invasão protagonizada por torcedores organizados ao estádio das Laranjeiras onde o time treinava.
Uma foto do ocorrido, estampada em alguns jornais no dia seguinte, mostrava o exato momento em que o jogador era atingido no rosto por um violento soco desferido por um dos líderes da gangue, que todo mundo por lá sabe quem é. Tão impressionante quanto o golpe era ver que os companheiros de clube continuavam sentados num banco próximo sem, ao menos, tentar livrar Diguinho da situação. A exceçao era, se não me falha a memória, o volante Fabinho.
Poderia ser uma demonstração de covardia, mas creio, era pura impotência. Quem pode deter a violência desse tipo de torcedor? A polícia? O Ministério Público? Naquele dia três tiros para o alto é que colocaram um ponto final no tumulto.
Os dias que se seguiram me deixaram ainda mais indignado. O agressor não foi autuado. E Diguinho até aceitou as desculpas dele. Cheguei a dizer por aí que só faltou Diguinho afirmar que tinha merecido. Não era só o jogador, era o Fluminense, de tanta tradição, que estava sendo intimidado.
Mas no último domingo, ao ver Diguinho deixar o Maracanã aplaudido pela torcida depois do empate com o Grêmio, fui logo pegando a caneta pra não deixar o fato passar em branco. Afinal, Diguinho estava há quase quatro meses sem jogar. Tinha vencido uma tuberculose pleural, diagnóstico, aliás, confirmado pelo departamento médico do Flu.
Foi acusado de estar curtindo a noite. Diante de tudo isso poderia ter pedido pra sair do clube, seria compreensível. Nada disso. Ficou e virou o jogo. Ou seja, passei a ver um corajoso, onde antes via apenas um jovem amedrontado. Na época, uma das versões era, inclusive, de que ele tinha apanhado por ter respondido de maneira áspera a uma pergunta do tal chefe de torcida. O que não deixa de ser também um ato de coragem.
A mente curta do agressor deve estar pensando a essa hora que a surra deu resultado, sem perceber que seu dono levou foi o chamado tapa com luva de pelica. Que humilhação!
Não interpretem minhas palavras como uma defesa do jogador, que eu nem conheço. Prefiro que elas sirvam para reforçar o quanto são ignorantes certos sujeitos que dizem fazer tudo o que for por amor ao clube.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
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