Como bem definiu o jornalista Celso Unzelte, a receita é simples. Foi só respeitar a data, tirar o Brasileirão de cena e a Seleção Brasileira de futebol ganhou certa evidência. Em especial nos dias que antecederam a partida contra o Chile. Papelão não vale, não vem ao caso. É fato que a não liberação de certos convocados por suas ligas e, consequentemente, a convocação de jogadores que atuam no futebol brasileiro deu uma turbinada na receita. Depois do Chile, a coisa mudou um pouco tivemos jogos no final de semana pelo Brasileirão, times entrando em campo no dia da Independência. Enfim, seja como for a impressão que me ficou é que tudo isso deu uma arejada na relação do torcedor com a Seleção. Na Seleção propriamente não chego a dizer que foi o caso.
Tite, mais do que nunca, se viu cobrado por um tipo de jogo e de esquema, pra usar um adjetivo leve, mais vistoso. O que sabemos agora não o tocou, ao menos, de primeira. Em linhas gerais o Brasil esteve perto de perder a mão do jogo no primeiro tempo contra o Chile. E eu que não sou lá de reduzir minhas ponderações à questões táticas vi no time chileno uma qualidade que vivo cobrando do time brasileiro: atitude. Não as atitudes que abundaram no fim da partida, me entendam. Depois veio a Argentina o que é tido sempre como um filé mignon. Ou viria. Os uruguaios que me perdoem, apesar do fino trato que sempre dedicaram às carnes.
A todos os que tem considerações a fazer sobre Tite acho apropriado dizer, nunca é demais, de sua legitimidade. Poucos chegaram ao comando da Seleção dessa forma. Acho justo , inclusive, que se tenha dado a ele mais um ciclo para trabalhar. Lógico que estou entre aqueles que gostaria de ver a Seleção Brasileira jogando de outra forma. Mas é sempre fácil arriscar a entrar na tormenta quando barco é dos outros. Tite não tem dilemas e isso não o incomoda. É do ramo, sabe o que está fazendo. Terá olhos , primeiro de tudo, para sua defesa, por mais que diga que anda preocupado pra valer com o tal último terço do campo. Como é preciso reconhecer que se a Seleção Brasileira tem uma qualidade, essa qualidade é a de ser competitiva. Coisa que ela só o é por uma razão, acima de todas as outras, se defende bem.
E, outra coisa, tem sim um esquema bem definido. Sempre me rendi a jogadores em boa fase. Acho desde sempre um disparate quando um treinador de seleção praticamente fecha os olhos pra alguém que está voando. E geralmente só se fecha os olhos para voos dados por aqui. Na Europa quase sempre voos são impositivos. Por que será, né? Como sou capaz de entender que , às vezes, é preciso levar em conta a história do atleta, seu currículo. Só acho que na maioria das vezes o que se esconde por trás disso é o mercado, não o reconhecimento. Se é que me faço claro.
E é preciso falar de Neymar também. De longe o grande nome do futebol brasileiro e da Seleção. E ponto. Tite, sabemos todos, sempre respeitou - para não dizer se curvou - o talento do hoje jogador do PSG. Mas é preciso entender que essa imagem que anda no imaginário do torcedor talvez seja maior que ele. Neymar foi à glória. Se tornou o jogador mais caro do mundo, o que não quer dizer o melhor. E apesar de todos os esforços o papel que tem desempenhado no time nacional está longe de ser o que se esperava. No jogo contra o Chile foi poupado de críticas pelo seu momento físico, por estar se preparando para uma nova temporada na Europa. A análise que faço está além desse período de jogos das Eliminatórias que se encerra hoje à noite. Apesar de tudo o que aconteceu no jogo, ou não jogo, contra a Argentina , fazia tempo que a Seleção não parecia tão nossa. Terminará seus compromissos na condição de líder do torneio classificatório. A única ameaça que se impõe é uma só: a realidade do futebol além do nosso continente. O que tem sido fatal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário