Pedro Martins/ MoWa Press |
O futebol e sua dose de crueldade.. Quem diria que veríamos Tite passar de uma quase unanimidade a treinador imensamente contestado. O futebol praticado pela seleção é autopsiado a cada vez que o time brasileiro entra em campo. Abundam teorias a respeito do modo como o Brasil joga. Mas há algo acontecendo com o time que representa o país que não tem estado sob olhar dos comentaristas e nem sob o olhar do torcedor, que em outros tempos tinha o escrete nacional como uma versão ampliada de tudo o que o time do coração representava e poderia proporcionar. Algo urdido nos bastidores, e que de tão profundo tem escapado até aos poucos jornalistas que ainda praticam a louvável versão investigativa do ofício.
Às vezes, quando a conversa sobre futebol descamba para o comportamento sempre duvidoso dos cartolas costumo brincar dizendo que quem gosta de futebol somos nós, eles, que têm o futebol como um grande negócio, gostam mesmo é de dinheiro. Seria inocência acreditar que se de uma hora pra outra um craque avaliado em dezenas de milhões de euros deixa de jogar bem acabe, em pouco tempo, perdendo seu lugar entre os convocados. E talvez um levantamento sobre os empresários que estiveram por trás de cada jogador da seleção nos últimos tempos nos desse uma ideia mais clara de como as coisas andam e qual a lógica que as convocações escondem.
Mas não é só isso, imagino que quando Ricardo Teixeira, no apagar das luzes, vendeu os direitos de transmissão dos amistosos da Seleção Brasileira até 2022, os endinheirados que fizeram negócio com ele cresceram os olhos, como se diz. Mas o tempo passou e o time brasileiro perdeu o apelo, não se fez campeão do mundo ou algo do tipo, muito menos mostrou um futebol que o fizesse querer ser visto de perto por gente que, teoricamente, está muito distante do Brasil. Ainda que nem nós estejamos perto dela, muito pelo contrário. Pra ser mais claro, deixou de despertar o interesse daqueles que detém esse mercado.
Desse modo se fez inevitável para quem tem os direitos ir vende-los em Cingapura, ou na Arábia Saudita, onde a seleção irá se apresentar no mês que vem. Quanto valia um amistoso da seleção na hora do negócio, quanto vale hoje, quem sabe ? Podemos realmente ter dificuldade para marcar um encontro com essa ou aquela seleção de renome da Europa como relatou o estafe brasileiro tempos atrás. E mesmo jogando o fino talvez não tivéssemos uma Alemanha pela frente, mas não estaríamos vendo o que temos visto. Em outros tempos diria que os destinos improváveis se explicavam muito pelo interesse dos donos dos direitos mas quando se vê os estádios em que a seleção joga cada vez mais vazios, ou mesmo improvisados, alguma coisa isso quer dizer.
Mas quem será capaz de interpretar esses símbolos? No meio de tudo isso o desgaste de Tite é evidente mas não creio ser justo negar a ele um ciclo inteiro com a Seleção. Até porque ele é apenas uma pequena engrenagem no meio dessa lógica mercadológica que a tudo esmaga. Certo está o torcedor, em sua infinita sabedoria instintiva, ligando cada vez menos pra Seleção e cada vez mais para o clube com o qual esteve realmente envolvido desde sempre. Tem sido o que lhe resta. Ainda mais agora que Brasileirão voltou a entrar em cena no meio da semana.
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