quarta-feira, 12 de junho de 2019

Evolução é jogar bonito



Amanhã a Seleção Brasileira estreia na Copa América. Como foi dito na época em que aqui se realizou a Copa de 2014 talvez  o interesse aumente na hora em que a bola começar a rolar. Pelo que recordo o raciocínio fez algum sentido naquele momento e o país já havia entrado totalmente no clima quando o sete a um alemão dissolveu por completo qualquer resquício de euforia e o nosso futebol foi parar no divã. Mas não demorou muito e acharam que ele poderia ter alta. Foi quando depois da chegada de Tite ao comando do time nossa seleção pareceu pairar sobre todas as outras ao disputar as Eliminatórias para a Copa da Rússia.  

De cara o time brasileiro sob novo comando mandou um três a zero no Equador sem tomar conhecimento da boa campanha adversária e da altitude de Quito. Era só o começo. O que veio a seguir foi mais impactante. Um três a zero na Argentina em pleno Mineirão, no melhor estilo espanta fantasma. E um pouco mais tarde um quatro a um no mítico Estádio Centenário em cima do Uruguai, que seguia com aquela aura assustadora de sempre. Partimos então para a Rússia ostentando uma campanha louvável. E lá descobrimos que um bom retrospecto pode não significar muita coisa. 

Voltamos pra casa depois de ter parado  nas quartas de final diante de um empolgante time belga. Eliminação que, pra variar, fez brotar um sem fim de teorias sobre o que teria levado o time brasileiro a sucumbir de maneira tão estrondosa naquele fatídico primeiro tempo. Mas se alguém disser que se aquele embate com a Bélgica durasse mais dez minutos a história teria outro final, confesso, seria capaz de enxergar algum sentido na teoria. Lembro de ter tido esse sentimento ao ver o VT do jogo tempos depois. 

Foto: FIFA/ Divulgação


Mas são águas passadas. E o naufrágio na Rússia não foi fatal para Tite. Sendo assim, se a última campanha nas Eliminatórias Sul-Americanas nos fez terminar dez pontos à frente do Uruguai e treze à frente da Argentina, e tendo em vista que de lá pra cá nenhuma das seleções que participaram do torneio mostraram nada que sugerisse uma mudança considerável, somos favoritos. Ou não somos?  

Além do mais,  o adversário da estreia será a Bolívia , vice-lanterna na mesma Eliminatória. E pra completar na segunda rodada iremos encarar a Venezuela que terminou na lanterna. Sejamos francos, por mais que não exista mais bobos no futebol é um início de trajeto confortável demais, na medida em que um torneio entre seleções pode ser confortável.  Sinto no ar uma expectativa enorme de como se comportará nossa seleção na ausência de Neymar. O que é salutar. E acho - como muitos por aí - que a Copa América está longe de ser um tudo ou nada para Tite.  

O que pode ser fatal para ele é a ausência de brilho, de um bom futebol.  Por essas e outras será possível, mais do que em outro momento até agora, notar claramente qual será a aposta que irá fazer. Colocar em campo um time preocupado com o resultado ou colocar em campo um time ousado, disposto a usar o poder ofensivo que ele notadamente tem a disposição. O detalhe é: a primeira opção deixará nosso treinador atrelado à dependência de conquistar o título. Mas a segunda, além de livrá-lo disso, provavelmente será a mais apropriada para convencer a torcida de que houve mesmo na nossa seleção alguma evolução.

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