Luiza Gonzalez/ Reuters |
Estamos aí. Entre a Copa do Mundo Feminina e a Copa América. Em abstinência total do Brasileirão. Sobre a Copa vi gente indignada e intrigada. A indignação vinha de uma jornalista inconformada com a quantidade de gente questionando as cinco estrelas nas camisas usadas pela nossa seleção feminina. Compreensível. Tinha vislumbrado na insistência um ar de reprovação. Sobre esse tema gostei mais do ar intrigado de um velho amigo que veio me fez a respeito a seguinte pergunta: Se as meninas vencerem o Mundial nossa seleção masculina passará a usar uma camisa com seis estrelas? Pertinente, muito pertinente, quanto sabemos das patacoadas que nossos cartolas são capazes. Apesar de achar que não tem como ser de outra forma. Afinal de contas vestimos - e isso ficou mais claro do que nunca - a mesma camisa. Fiquemos, então, com o velho dito pois se perguntar não ofende também não deve ser motivo pra indignação.
Bom, vivido um outro tanto dei de cara com alguém na internet confessando o prazer de ver a goleira argentina em ação contra a Inglaterra. E na esteira do entusiasmo classificando a Copa como um Mundial de arqueiras de encher os olhos. Mas estamos cansados de saber que vivemos uma época de polarização absoluta. Aí não tardou e ouvi alguém sugerir que o gol era um problema para as meninas. Grande demais. E que talvez fosse o caso de torná-lo um pouco menor para as moças. Não que eu queira jogar toda e qualquer diferença para escanteio. Homens e mulheres sabidamente têm lá suas particularidades. Mas o momento pede outra maneira de encarar o tema. Imagino que a essa altura o mínimo que podemos lhes dar é essa igualdade. No tempo de jogo, no peso da bola, no tamanho do campo. Se muitos já enxergam diferenças onde tudo é igual, ao aceitar diferenças não tardaríamos a ouvir alguém dizer que o futebol feminino é outra coisa.
Bernardett Szabo/Reuters |
De minha parte prefiro acreditar na evolução que tenho visto. E quem assistiu a uma Copa Feminina tempos atrás sabe do que estou falando. A evolução é gritante. De intrigar, e talvez indignar mesmo, é ter ficado sabendo que Marta não tinha um patrocínio na chuteira quando entrou em campo para enfrentar a Austrália. Simplesmente a maior detentora de títulos de melhor jogadora do mundo, única atleta a marcar gol em cinco Mundiais e maior goleadora da história das Copas, já que ao enfrentar a Itália deixou para trás o alemão Klose. Mas em matéria de indignação é bem provável que nada seja páreo para a dos argentinos com a seleção deles.
E olha que íamos por caminho parecido quando o juiz apitou o final do primeiro tempo no Morumbi entre Brasil e Bolívia. Qual teria sido o destino do time de Tite se tivéssemos debutado diante dessa Colômbia que liquidou o time de Messi com duas jogadas fatais é coisa que não saberemos jamais. Ainda bem. Para nos parar por hora bastou a Venezuela. Quem sabe também os comandados do outro Lionel, o Scaloni, treinador argentino, não fazem uma exibição convincente diante do Paraguai logo mais aplacando um pouco o descontentamento de Maradona, que depois do tombo ao encarar a Colômbia disse que a Argentina poderia perder até de Tonga. Mas disse uma verdade, que pode servir a eles, a nós e a todos: a camisa você precisa sentir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário