Foto: Daniel Mundim |
Esta semana começou com alguns dos maiores técnicos de futebol do nosso
país reunidos no Rio. Era gente de reconhecida trajetória. Fizeram questão de
dizer que tudo já estava acertado antes da chegada de Reinaldo Rueda ao comando
do Flamengo. Mas não dá pra negar que o desembarque do colombiano causou
incomodo. E nem precisaríamos pra isso ter ouvido as palavras de Jair Ventura,
que se apressou em dizer que foi mal interpretado. Jovem, à frente de uma
campanha simplesmente sensacional com o Botafogo e dono de um discurso moderno
sobre o jogo, não precisaria ter questionado o espaço que é - ou não é dado
- aos estrangeiros. Simplesmente porque espaço, normalmente, não é algo que se
dá e sim algo que se conquista.
Mas se há uma questão que considero primordial é
a luta para que os cursos de treinadores da CBF sejam reconhecidos no
exterior. Em qualquer ofício conquistar um mercado como o europeu jamais será tarefa
simples e exigirá muito mais do que dominar uma língua estrangeira. Ao ter esse
tipo de habilitação aceita os técnicos brasileiros terão vencido parte da
burocracia que, além de tudo, costuma ser uma maneira velada de garantir certas
reservas de mercado. Mas para ser justo nesse sentido os cursos dados por outras
entidades ligadas à Conmebol também precisam ter validade para a CBF.
Que essa
união sirva de exemplo para os nossos jogadores que algumas temporadas atrás
viram o limite no número de estrangeiros nos times brasileiros passar de três
para cinco por time sem que, ao menos, alguém lhes tivesse consultado a respeito
ou esclarecido o motivo da decisão. O velho manda quem pode e obedece quem tem
juízo é que valeu. Faço esse paralelo porque acredito que muito do que serve
para os técnicos deveria ser aplicado de alguma forma aos atletas também, como
exigir que a situação deles só seja dada como regularizada depois que todas as
dívidas com os mesmos forem quitadas. No caso dos jogadores talvez fosse o caso
de, apenas depois disso, permitir que outro atleta seja inscrito no lugar
daquele que saiu.
Não deixo de considerar que toda profissão tem suas
peculiaridades e imagino que muitas delas fujam da nossa compreensão por mais
que a proximidade cotidiana nos dê a impressão de entender a realidade vivida
por estes profissionais. Outra coisa que me chamou a atenção no encontro é ter
visto em uma das meses gente como Paulo Roberto Falcão e Zico, o que me fez
lembrar que o primeiro nunca escondeu que há tempos largou tudo o que fazia
porque tinha como objetivo maior se dedicar ao trabalho como treinador e, ainda
assim, até hoje não ter conquistado um lugar nesse mercado. E o segundo
porque sempre deixou claro que só topa encarar a bronca se for no exterior, diz
ele que a fidelidade ao Flamengo não o permite trabalhar por aqui. Não duvido do
tamanho da fidelidade do Galinho, duvido é do poder de sedução do nosso futebol.
Ou seja, alguma coisa precisa mesmo mudar.
4 comentários:
Muito bom...excelente visão!!
BOA VLADI!
Belo texto. Mas me pergunto: será que os treinadores brasileiros não são protecionistas justamente porque estão mal preparados para atuar no exterior e visam assim garantir o único mercado no qual poderiam atuar? Quero dizer, quantos deles têm preparo (falar a língua, atualização tática...) para fazer carreira no exterior?
Abração!
Luiz Eduardo Garcia
Caro Luiz
Quando defendo igualdade. Ou seja, que nossos cursos sejam reconhecidos fora e os de fora aqui, imagino que diante disso se coloca um fim a qualquer protecionismo e se deixa como única saída - para conquistar espaço , aqui ou fora - estar preparado.
Abraços
Carlinhos, agradeço a visita.
Volte sempre. Abs
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