Ale Frata/Folha press |
Não me entendam mal. Não se trata de papo
de secador. Mas pode acontecer de tudo neste Brasileirão, menos o Corinthians
deixar escapar o título. Seria um mico monumental. Andei provocando o assunto
por aí, assim como quem não quer nada, e o que senti foi que uma considerável
maioria acredita piamente que não tem pra ninguém, que os fiéis corintianos -
discretamente, por favor - podem ir pensando na festa. Entendo perfeitamente a
avaliação, mas depois de tudo que já vi o futebol aprontar prefiro dizer
que mais arrazoado é ficar na miúda.
Tudo quanto é motivo já foi apontado como
ameaça ao Corinthians e o escrete de Fábio Carille nem arranhão sofreu. E se o
time conseguiu seguir impávido mesmo na ausência de Jadson, fica difícil crer
que uns dias de descanso poderiam se transformar em ameaça real a esse
semi-reinado alvinegro. O jogo contra o Vitória no próximo sábado, em Itaquera,
marcará a volta a campo do time que anda dando nó na cabeça de muita gente. Haja
dialética pra elucidar as façanhas dessa equipe que tem encarnado como poucas a
capacidade que o jogo de bola tem de desafiar conceitos.
No meu modesto modo de
ver as coisas não é o aproveitamento quixotesco, nem o surreal número de faltas
cometidas a marca registrada desse time. É na lucidez e na capacidade do
treinador de manter os pés no chão - os dele e os de quem ele comanda - que mora
o segredo do sucesso. Na última coletiva antes do descanso, Carille foi
informado de que o time dele apesar de estar distante de ser o time que mais
fica com a bola no campeonato era, ao mesmo tempo, o que ostentava o maior
número de passes certos. Um deslumbrado certamente não teria resistido e
teria tentado explicar a razão de ter alcançado a proeza.
Mas o que fez Carille?
Confessou ao interlocutor que os números apresentados eram uma surpresa pra ele
e que não tinha ali uma explicação, mas que aquilo o intrigava também e que, nos
dias que teria sem jogos pela frente, tentaria estudar o que o Corinthians andou
fazendo pra, quem sabe, elucidar a razão que tem levado o time a ostentar mais
esse feito. Sensacional ou não? Torço pra que hora dessas algum repórter lembre
disso e lhe questione a respeito. Tenha ele o encontrado o motivo ou não. Os que
tratam o futebol com o devido respeito não se sentiriam desapontados se a
resposta depois de uma investigação fosse um sincero: não sei como explicar. Se
tem uma coisa que o futebol adora driblar é a razão. E o Corinthians de agora é
prova viva disso.
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