Sejamos sinceros. Imagine você na sua profissão
tendo que ouvir, muitas vezes dito por pessoas de conhecimento duvidoso, que não
é bom o suficiente para trabalhar numa grande empresa. Ou que com o que você tem
mostrado poderia, no máximo, ser o reserva do gerente geral. É preciso muita fibra pra lidar com isso, e duvido até
que exista nesse mundo alguém que, de um modo ou de outro, seja imune a
críticas. Isso sem contar que quando se trata de futebol muitas vezes quem precisa lidar com
esse tipo de desafio mal passou dos vinte anos de idade.
Ossos do ofício dirão
os mais diretos. E eu nada teria contra esse tipo de discurso se ele fosse
usado com certo equilíbrio e em casos onde tal veredicto se apresentasse como
inevitável. A verdade pode ser cruel, sabemos. A questão é: quem pode se
apresentar como dono dela? Sempre duvido do que se apresentam
nessa linha. Conheço um pouco os mecanismos que movem a crônica e não temo
dizer que raciocínios desse tipo costumam ser amparados no argumento de que sem
ser taxativo o que resta é apenas erguer um muro de discursos insossos.
Ora, jamais vou
concordar com isso, nem apoiar a crença de que apenas a polêmica é capaz de temperar
pra valer as conversas sobre o jogo de bola. O embate sobre pontos de vista
existirá em qualquer conversa e será por si só a melhor das matérias primas. Tá
pra nascer o que supere uma boa reflexão e um olhar interessante. E aí reside a
armadilha da polêmica. Quando um sujeito coloca suas fichas nela é inevitável
que mais cedo ou mais tarde, para alimentá-la, acabe se vendo obrigado a defender
pontos de vista que não seriam exatamente os seus.
Acho intrigante quando a
crônica, por exemplo, faz em coro um mea culpa. Como vem fazendo no caso do volante Casemiro,
agora campeão da Liga dos campeões da UEFA com o Real Madrid. Mais segura ela talvez chegasse à conclusão de que as críticas, embora exageradas,
faziam algum sentido. O jogador é que já não é o mesmo. Se aprimorou, teve a
nobre oportunidade de ir trabalhar com quem sabe bem mais do que ele. Ou ser
comandado por alguém como Zidane é comum? Sabe-se lá o
que é capaz de tirar o melhor de cada um. Vai ver até que esse mar de críticas
serviu como combustível ao talento de Casemiro. O futebol é um enigma.
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