O que se diz é que o futebol, mais do que qualquer
outra modalidade, tem uma veia imprevisível. Um jogo em que tudo é possível, por
mais que a grana trabalhe dia a após dia no sentido de formar esquadrões
imbatíveis, ou de montar uma panelinha de afortunados. O sucesso da empreitada é
indiscutível. Não é qualquer um que pode pedir lugar na patota dos abonados
Chelsea, City, PSG, Real Madrid, Barcelona e por aí vai. Discutir a origem do
dinheiro de cada um, como manda a etiqueta, é coisa que não se faz. Só que não é
de acontecimentos dados neste panteão que quero falar, por mais que uma sapecada
do PSG ou da Juventus pra cima da nobreza catalã da bola dê muito pano pra
manga.
O normal entre os endinheirados é, em geral, não existir diferenças
gritantes. Mas, como se sabe também, isso não impede a ostentação ou a exibição
de um invejável poder de compra, arma infalível pra se deixar claro quem se
é ou, visto de outra forma, pra deixar claro que se está longe de ser qualquer
um. Também não é do chocolate imposto pela Ponte ao poderosíssimo Palmeiras que
quero falar. Mas admito que se trata, sim, de uma reflexão provocada pelo time
de Campinas e seu placar de respeito pra cima dos palestrinos.
É que há algo
grandioso camuflado em resultados dessa estirpe. Não tenho medo de afirmar que
desde os mais remotos tempos um resultado inesperado oxigena o futebol, dá a ele
um vigor. É como se nos obrigasse a lembrar, a levar em conta, que ali entre as
quatro linhas continua existindo lugar pro sonho, pro triunfo dos que podem
menos. Quando um time dito pequeno triunfa sobre um outro cheio de recursos, de
histórias e de poderes, deixa pairando no ar a
beleza que se esconde no suor do trabalho diário. Dá luz a quem deu um duro danado e no fim de um dia de trabalho teve razão pra acreditar
que valeu a pena tanta labuta. Na maior parte das vezes tudo volta a ser como
antes depois de uma vitória desse tipo. Mas que a danada é bonita, ô se é.
Esta aí um dos jeitos que o futebol tem de imitar a
vida. A vitória do pobre jamais terá a retumbância da vitória dos nobres.
Porque diante dela os que tem voz costumam se ocupar mais com a explicação da
derrota do que com a exultação do triunfo. E os mais atentos sabem bem a força
que se fez, nos regulamentos dos Estaduais, para evitar surpresas do tipo. Mas
elas resistem e isso é lindo. O pequeno que vence acordará sempre maior do que era. O resultado
surpreendente é uma arma que o futebol tem pra nos avisar - vez ou outra
-que também há mais mistérios entre o homem e bola do que pode imaginar nossa vã
filosofia. Ah! E aproveito pra deixar aqui os parabéns ao tricolor Rodrigo Caio
que teve, em campo, a coragem de remar contra a maré
quarta-feira, 19 de abril de 2017
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