A trajetória que o Santos desenhou ao longo dos últimos
anos no Campeonato Paulista deve ser levada em conta. Não se trata de uma
sequência qualquer, ainda que não sirva para aplacar o descontentamento da
torcida com o time neste momento. Ao longo dos últimos oito anos os santistas
viveram o início de temporada com direito a um cer to apogeu, mesmo que
nem sempre a presença na final - ou a conquista do título - fosse garantia de
que o resto do ano seria uma maravilha, o que nem sempre foi. Verdade também que
a citada trajetória serve para amplificar o insucesso, ainda mais quando ele se
dá com o time fazendo uma das piores campanhas dos últimos anos no torneio
estadual. Se o vice no Brasileiro do ano passado foi surpreendente, cair nas
quartas do Paulista foi o avesso disso. Por mais que parte da torcida santista,
empapuçada de Estadual, não faça questão de esconder que anda querendo é a
Libertadores. Desconfio, inclusive, que o desgosto venha exatamente daí, do fato
da queda no Paulista sugerir que se não deu no Paulista, na Libertadores é que
não vai dar.
Como sempre acontece no futebol
brasileiro a queda será intimamente ligada à capacidade de alguns. Se há um
álibi pra isso é o fato de o time santista não ter perdido a vaga para uma
equipe qualquer. A Ponte Preta - faz tempo - anda se mostrando time capaz de
encarar os ditos grandes do nosso futebol. E ainda que eu ache que no segundo
jogo, em especial no primeiro tempo, esqueceu um pouco disso, chega às
semifinais com méritos. Há números provando isso e nem é o caso citar. Como acho
ainda que no primeiro tempo, depois de ter aberto o placar, o Santos não parecia
ter urgência de fazer o segundo gol, quando sob certa ótica deveria. Trata-se de
um time maduro, seguro, entrosado, mas até esses devem ter, vez ou outra, o
ímpeto de um trator.
E me desculpem se o discurso soa velho e
provinciano mas nada me tira da cabeça de que se tem uma coisa que o clima da
Vila favorece é essa efervescência que não vi pós primeiro gol. Imagino o quanto
um milhão e meio de renda faz diferença, mas quando será que vamos aprender que
o dinheiro quase sempre joga contra o futebol? Tá pra nascer o dirigente
que leve em conta o que se pode perder, não ganhar. E nesse sentido não só em
termos financeiros. A menos que alguém acredite que não conseguir chegar onde os
outros chamados grandes chegaram fará bem pra alguém. Dias atrás o volante
santista Thiago Maia, esteve no programa Cartão Verde, na TV Cultura, que eu
apresento, e diante da velha questão: Vila ou Pacaembu? Se saiu com uma resposta
primorosa, dizendo que a Vila era como a casa dele e o Pacaembu como a casa da
mãe. Ótima analogia. Concordo que a casa da nossa mãe costuma ser como a nossa,
mas a verdade é que depois de algum tempo não existe nada como a casa da gente.
Seja pra desfrutar as alegrias, seja pra sarar o que o destino tratou de nos
reservar. E, além do mais, diante da dificuldade sempre é possível convidar a
mãe pra ir até lá.
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