Desde muito cedo você deve ouvir que errar é humano. E se, por
acaso, não ouviu é porque alguém provavelmente errou ao lhe omitir isso ao longo
do caminho. Fato é que por conta dessa constatação vira e mexe perdoamos as mais
variadas pisadas de bola. Agora, o que talvez ninguém tenha lhe dito, e que me
disseram uma vez, é que errar é humano desde que a borracha não termine primeiro
que o lápis. Olha, depois de ouvir essa versão do dito nunca mais a esqueci e costumo
sacá-la sempre que alguém tenta usar malandramente o argumento que inicia este
artigo. Até porque como você também deve saber paciência tem limite. E em
matéria de futebol a nossa está chegando ao fim. Tá ou não tá?
O que resta da de
vocês eu não sei, o que eu sei é que a última rodada do Brasileirão pelos
acontecimentos quase esgotou de vez a minha. Em especial os erros registrados
nos jogos de Palmeiras e Flamengo que foram de doer, pois são daqueles com
potencial pra virar do avesso a história de qualquer partida. Fica difícil saber
o que pensar. Até porque no caso do Maracanã o apito foi entregue àquele que é
tido como o melhor árbitro do país. E quando digo que fico sem saber o que
pensar não se trata de figura de linguagem, não.
Vejam vocês a que ponto
chegamos. Outro dia dei de cara com uma dessas enquetes feitas em programas
esportivos. Ela questionava os telespectadores e internautas a respeito da
confiança que tinham nos árbitros. Tudo bem, não era lá um universo muito
representativo. Mas a questão era direta e clara: Você confia na arbitragem? E
não é que oitenta e oito por cento dos votantes disseram que não? E o pior, a essa altura eu já
tinha sérias dúvidas sobre se deveria, ou não, me juntar a eles. Fiquei
literalmente fora do ar por uns instantes, porque por mais que o tio Nelson
Rodrigues tenha nos avisado há tempos de que a mais sórdida pelada é de uma
complexidade Shakespeariana isso é pra lá de surreal.
Será mesmo que enlouquecemos de
vez e sem perceber passamos a ver o futebol como quem vê um teatro? É
complexidade demais pra minha cabeça. O sujeito gastar seus dias, seus
domingos, a torcer por um time sem acreditar que o homem que está ali para arbitrar tudo não é idôneo. Vai entender! Enfim, a última rodada do
Brasileirão pode até não ter esgotado a minha paciência, mas que a borracha dos
homens do apito acabou de vez, isso acabou.
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