Pra começo de conversa digo que é preciso
admitir que uma vitória sobre o Botafogo atual pouco diz e que o empate contra o
Corinthians teria sido um ótimo resultado, se não concordarmos aí será possível
que não concordemos mais. E claro que pra admitir isso o torcedor terá que
deixar de lado a paixão, abrir mão do que gostaria de ter visto seu time fazer e
aceitar que o momento é complicado, muito complicado.
Há quem tenha criticado
com veemência o esquema defensivo de Dorival na Arena Corinthians, não por ser
defensivo, mas por não ter se apresentado eficaz nem pra isso. E essa é uma
outra questão. Mas se há algo digno de preocupação é o que une duas das últimas
três apresentações do time santista: a fragilidade, exalada tanto diante do Inter
como diante do Corinthians.
A cautela de Dorival tem sido uma constante e isso
tem custado um tanto, já que é citada por muitos como uma das causas do Santos
ter deixado escapar recentemente uma valiosa vaga na Libertadores. E nem vale
aqui falarmos do esquema usado diante do Audax no jogo que decidiu o Campeonato
Paulista e que obrigava o Santos a vencer se não quisesse decidir tudo nos
pênaltis.
Mas qualquer um que se dê a analisar o retrospecto do time no Brasileirão
ao longo da última década irá perceber que ele não é alentador. Sem falar na
décima quinta colocação de 2008 - e no décimo segundo lugar de 2009 - o que o
Santos tem feito é oscilar entre o nono e o sétimo lugares. O que, acredito
eu, não contenta mu ita gente.
E essa falta de resultados notáveis só não sufoca
mais os torcedores em razão de no meio dela terem dado de cara com o oásis
representado por uma conquista da Libertadores quase meio século depois do que
pode ser visto como a fase áurea do clube. O santista quer e imagina o time da
Vila bem maior que isso. Prova dessa teoria é toda insatisfação visível depois de
uma apresentação pra lá de acanhada diante de seu maior rival.
A ausência do
trio formado por Lucas Lima, Gabriel e Ricardo Oliveira é um problemão. Mas
existem outros que deveriam assustar tanto quanto. Mais cedo ou mais tarde o
mercado e a idade irão colocar os destaques santistas em outro caminho. As
decisões administrativas questionáveis, as brigas políticas desmedidas e a
gritante falta de dinheiro, juntas, têm poder corrosivo maior do que essa
ausência que nosso calendário absurdo impõe. A conclusão mais óbvia do quadro
que se apresenta, portanto, é óbvia: o torcedor santista não está preocupado à
toa.
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