quinta-feira, 9 de junho de 2016

Sobre o alvinegro da Vila Belmiro


Pra começo de conversa digo que é preciso admitir que uma vitória sobre o Botafogo atual pouco diz e que o empate contra o Corinthians teria sido um ótimo resultado, se não concordarmos aí será possível que não concordemos mais. E claro que pra admitir isso o torcedor terá que deixar de lado a paixão, abrir mão do que gostaria de ter visto seu time fazer e aceitar que o momento é complicado, muito complicado. 

Há quem tenha criticado com veemência o esquema defensivo de Dorival na Arena Corinthians, não por ser defensivo, mas por não ter se apresentado eficaz nem pra isso. E essa é uma outra questão. Mas se há algo digno de preocupação é o que une duas das últimas três apresentações do time santista: a fragilidade, exalada tanto diante do Inter como diante do Corinthians. 

A cautela de Dorival tem sido uma constante e isso tem custado um tanto, já que é citada por muitos como uma das causas do Santos ter deixado escapar recentemente uma valiosa vaga na Libertadores. E nem vale aqui falarmos do esquema usado diante do Audax no jogo que decidiu o Campeonato Paulista e que obrigava o Santos a vencer se não quisesse decidir tudo nos pênaltis.

Mas qualquer um que se dê a analisar o retrospecto do time no Brasileirão ao longo da última década irá perceber que ele não é alentador. Sem falar na décima quinta colocação de 2008 - e no décimo segundo lugar de 2009 - o que o Santos tem feito é oscilar entre o nono e o sétimo lugares. O que, acredito eu, não contenta mu ita gente. 

E essa falta de resultados notáveis só não sufoca mais os torcedores em razão de no meio dela terem dado de cara com o oásis representado por uma conquista da Libertadores quase meio século depois do que pode ser visto como a fase áurea do clube. O santista quer e imagina o time da Vila bem maior que isso. Prova dessa teoria é toda insatisfação visível depois de uma apresentação pra lá de acanhada diante de seu maior rival. 

A ausência do trio formado por Lucas Lima, Gabriel e Ricardo Oliveira é um problemão. Mas existem outros que deveriam assustar tanto quanto. Mais cedo ou mais tarde o mercado e a idade irão colocar os destaques santistas em outro caminho. As decisões administrativas questionáveis, as brigas políticas desmedidas e a gritante falta de dinheiro, juntas, têm poder corrosivo maior do que essa ausência que nosso calendário absurdo impõe. A conclusão mais óbvia do quadro que se apresenta, portanto, é óbvia: o torcedor santista não está preocupado à toa.

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