quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Deu no New York Times


Desde que o charmoso hotel suiço Bar au Lac deixou de ser o semi-paraíso onde os maiores cartolas do mundo se hospedavam entre uma reunião e outra na sede da FIFA, e lá gastavam o farto dinheiro que amealhavam, o mundo do futebol está em xeque. E se a sensação que nos vem toda vez que a justiça norte-americana se pronuncia a respeito do caso é a de que não restará uma só biografia intacta entre os manda chuvas do futebol mundial é porque o modelo de negócios do futebol nunca teve espaço para inocentes. 

Eles pensaram em tudo. Criaram uma máquina tão bem estruturada que até pouco tempo atrás as sedes da FIFA e da Conmebol tinham status de embaixada. Isso sem falar em regras como a que impede qualquer intervenção dos governos dos países membros nas Confederações associadas, ou aquela outra que decreta punições aos que, por ventura, vierem a recorrer à chamada justiça comum. Controle total. Dessa lucrativa engrenagem faz parte também a estratégia de gastar os recursos com aqueles que fazem parte da estrutura de poder. O que vale tanto para as Confederações quanto para a própria FIFA. A CBF, por exemplo, nos últimos doze anos gastou 2 bilhões e quatrocentos milhões de reais, sendo que 48% desses recursos foram usados para a manutenção da entidade.

 E tem sido de entristecer a paralisia da nossa justiça diante de tudo que está acontecendo. Lembro bem que nas primeiras horas depois da prisão de José Maria Marin, pairou no ar a esperança de que houvesse desdobramentos por aqui. Como lembro bem que em um certo início de noite foi noticiado que equipes da Polícia Federal estavam a caminho da sede da Klefer, de Kleber Leite e da CBF. A que tinha como destino a Klefer chegou. Mas a que, diziam, estava a caminho da CBF, jamais. No outro dia pela manhã ficamos sabendo que a entidade, sabendo do que se passava, tinha se encarregado ela mesma de juntar os documentos e enviar. Um escárnio. 

Some-se a isso o fato de Del Nero, convocado pela CPI do Futebol, dizer que iria mas que não aceitava o compromisso de dizer apenas a verdade. E não custa lembrar que tivemos ainda a decisão de uma juíza federal impedindo a cooperação com a justiça dos EUA e determinando o desbloqueio de contas de alguns réus. Mas quem sabe agora as coisas mudem. Afinal, o New York Times acaba de estampar em suas páginas que Ricardo Teixeira é a prova de que a justiça brasileira fracassa na missão de punir a corrupção.                     

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