O que vocês acham que seria capaz de dar alguma graça a esse
futebol previsível que temos visto? Eu acredito que uma dose de verdade, é isso
que pode nos salvar dessa mesmice. Vejam só. Outro dia Palmeiras e Fluminense
estiveram frente a frente. Não que a partida que valia uma vaga na final da Copa
do Brasil tenha sido de todo sem sal. Mas o que me encantou nela foi uma
situação que se desenhou depois.
Terminado o jogo o atacante Fred cruzou com a
mãe do zagueiro palmeirense, Vitor Hugo, na zona mista da Arena do time
alviverde. De primeira lhe pediu uma foto. Uma vez feito o retrato a senhora
aproveitou para lhe dizer o que pensava. Disse ao astro do tricolor carioca que
era sua fã mas que estava chateada com o que tinha acabado de ver. E o que tinha
visto deve ter sido o que o filho dela definiu como um cara malandro, que chega
forte e é meio maldoso. Mas por razões fáceis de adivinhar o zagueiro ao comentar
o estilo do adversário não esqueceu de completar a declaração dizendo que se
tratava de algo normal.
Olha, já que anda difícil salvar o futebol em campo que
seus protagonistas sejam capazes de, ao menos, interpretá-lo de modo mais nobre
e profundo. Exemplos de que isso é possível existem, como fez no último final de
semana Dátolo, do Atlético Mineiro. O argentino - que acabara de marcar o bonito
gol da vitória do time mineiro - ao ouvir o pedido do repórter pra que falasse
da partida não iniciou seu discurso falando do gol marcado e sim admitindo ter
tomado a decisão errada em um outro lance em que o certo teria sido acionar um
companheiro e não tentar finalizar como ele tinha feito. Nobre, ou não ? Querem
mais?
Andamos às voltas com verdadeiras aberrações em matéria de arbitragem não é
isso? É! Mas até hoje nenhum dos nossos árbitros foi capaz de falar de seus
sentimentos como fez o homem que apitou a final da Copa Argentina. Depois de
marcar um penalti em que o jogador tinha sido derrubado quase um metro antes da
linha da grande área e de ter validado um gol em impedimento, Diego
Ceballos, explicou o ocorrido dizendo que era um ser humano e que tinha se
equivocado, nada mais. Em seguida completou a declaração com um tom
confessional, disse que não estava conseguindo dormir, que tinha ficado mal e
que estava consciente de que se tratava do maior erro dele em toda a
carreira. Agora me digam, já viram algo nessa linha dito por um dos nossos?
E
pra que não me acusem de me pautar por exceções, digo-lhes que dias atrás ouvi
Guardiola revelar que trazia consigo um sentimento de que os títulos que ele
conquistou nos dois primeiros anos à frente do Bayern tinham o mérito
do antecessor dele. Quer sinceridade maior que essa? Pois são declarações desse
tipo que me fazem crer que um pouco de verdade faria um bem danado ao nosso
futebol.
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