Li que o novo técnico do Santos tem um
bloquinho de anotações. Sou adepto dos bloquinhos também, faz tempo. E, na linha
do treinador santista, estou longe de fazer deles um talismã. Bússola,
certamente. Mais do que me orientar o caderninho de anotações serve pra
registrar detalhes e temas que certamente o frenesi cotidiano trituraria
ou apagaria da minha memória. Quer ver?
Acabo de abri-lo. Voltei umas quatro ou
cinco páginas e dei de cara com o seguinte: " Dupla britânica que
investigava situação dos trabalhadores no Catar desaparece". Lembro de ter feito
a anotação porque dias antes tinha lido que a Copa do Mundo que será sediada
naquele país já era um desastre. Mil e duzentos trabalhadores envolvidos na
construção dos estádios e em obras de infra estrutura tinham morrido. A maioria
imigrantes do Nepal e da Índia. Nos últimos dias, vejo aqui, gravei nessas
páginas, em tom de lembrete, que o San Lorenzo, da Argentina, dará ao seu novo
estádio o nome do Papa Francisco. Agora me pergunto: E aí?
E assim vai. A
reação espantada do genioso técnico José Mourinho ao início arrebatador do
brasileiro Diego Costa, que somou sete gols nas quatro primeiras rodadas do
campeonato inglês. Algo nunca visto. A frase feita do treinador do Real Madrid,
Carlo Ancelotti: " O futebol é esporte de homens não de senhoritas". Não diga! As
anotações sobre o futebol daqui nada têm de muito novo. As ameaças da torcida ao
time do Internacional. As pichações na Vila
Belmiro. Frases e detalhes do deselegante embate entre o atual e o ex-presidente
do São Paulo, bem agora que o time parece ter encontrado uma boa maneira de se
apresentar. Os relógios de
sessenta mil reais cada que a CBF gentilmente andou distribuindo por aí. Temas
que nem por isso acabariam neste espaço. Descansam lá como quem aponta uma
direção, e só.
Ao técnico santista que se, por acaso, der de cara com estas
linhas gostaria de dizer que longe de mim um dia chamá-lo de "Enderson do
bloquinho", coisa com a qual se mostrou preocupado. Entendo perfeitamente a
necessidade desse recurso, sei que a idade realmente não ajuda. Mas, ainda que
soe como intromissão, queria sugerir uma pequena anotação. Coisa pouca. Algo do
tipo: "pensar um jeito de colocar o Gabriel no time/ trabalhar a
molecada". Isso por mais que o jogo de hoje à noite contra o Grêmio, na Arena do
time gaúcho, soe ao treinador e ao Santos como um capricho do destino, um
desafio pra gente grande.
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