quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Os diferentes



Não faz muito tempo estávamos envoltos na polêmica sobre a ida de Neymar para o exterior. Milhares de observações foram feitas a respeito do tema, mas lembro muito bem que na época se falou muito sobre o que o jovem astro do time santista teria a ganhar se deixando levar pela sedução dos europeus. Um dos argumentos mais defendidos pelos que eram a favor da transferência é que no velho mundo o jovem talento brasileiro iria aprimorar sua noção tática. Diziam, inclusive, que uma vez lá ele iria aprender a marcar. Não que eu me renda a importância de qualquer ensinamento. 

Mas vai ficando cada vez mais difícil acreditar, não no nosso talento nato, mas no nosso apuro técnico. E não digo isso como quem se revela com o humor liquidado pela qualidade dos passes ou das finalizações de quem tem se apresentado por aqui. Digo isso por constatar que os repatriados de agora, mesmo já sem ter mercado em boa parte do mundo, ainda conseguem reinar nos nossos gramados. Já tivemos tantos exemplos. Você deve lembrar muito bem do que o meia Zé Roberto foi capaz não faz muito tempo. O próprio Robinho, ainda que seja cedo pra dizer, parece transitar numa frequência muito mais fina do que seus companheiros de time. 

Outro que reforça esse tese é Kaká. E olha que até outro dia não faltava gente pra duvidar da condição física desse que agora se revela  um verdadeiro catalisador dos talentos que o time do Morumbi conseguiu reunir. Mas alguém como Kaká exercer esse papel não deve ser motivo de surpresa pra ninguém. Afinal, estamos falando do único brasileiro que depois de Ronaldinho conseguiu alcançar o posto de melhor jogador do mundo. O que eu quero realçar é a incapacidade dos que já estavam aqui - ganhando salário de craque e sendo tratados como tal - de cumprir esse papel.  O que me faz admitir que, talento à parte, a oportunidade de jogar no velho mundo torna nossos jogadores diferentes. E isso diz mais sobre nosso atraso do que qualquer goleada sofrida.

No mais, aproveito pra dizer que a vitória do São Paulo sobre o Botafogo, no Mané Garrincha, clareou o horizonte. Hoje à noite o líder Cruzeiro, cheio de moral depois de ter feito o melhor primeiro turno da história do Brasileiro por pontos corridos, estará diante do Bahia, no Mineirão. Em caso de vitória mineira a partida do próximo domingo entre São Paulo e Cruzeiro, marcada para o Morumbi, pode dar ao futebol brasileiro uma aura de excelência cada vez mais rara.. 

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