Amanhã quando o sorteio dos
grupos do Mundial do ano que vem estiver encerrado a Copa de 2014 terá ganho
contornos definitivos. O prato que serve os
analistas transbordará possibilidades. Teremos uma ideia muito clara daquilo que
nos espera. Há um sem fim de observações a se fazer em torno do assunto.
É fato
que se a FIFA tivesse tido um pouco mais de paciência, se tivesse aguardado o
resultado das repescagens e não tivesse usado o ranking de outubro para definir
os potes do sorteio teria evitado as manobras que se seguiram. Fosse o
ranking de novembro - e não de outubro - o parâmetro, Portugal e Itália teriam
se tornado cabeças-de chave e a França estaria no pote dois, ocupando o lugar
que ficou com a Rússia. E ponto!
Mas essa questão do ranking me incomoda muito
menos do que ouvir o secretário-geral da FIFA, Jerolme Valcke, até uns dias
atrás fazer mistério com o destino da França que tinha seu destino indefinido. A
campeã do mundo em 1998 poderia tanto ser colocada diretamente no pote dos
sul-americanos e dos africanos, como entrar num sorteio que reuniria as nove
seleções européias para definir qual delas ficaria no pote dos sul-americanos e
africanos.
Seria muito salutar que as regras todas tivessem sido definidas
antes. Quanto menor a margem de manobra melhor. A opção, lógico, foi pela
segunda possibilidade, um sorteio entre as nove seleções da Europa. Com o
detalhe de que a seleção sorteada irá diretamente para um grupo que terá como
cabeça-de-chave uma seleção sul-americana, que também será definida por sorteio.
Olha, se você ficou confuso tente encontrar amparo na frase do próprio
secretário-geral ao comentar o assunto: "Não é fácil explicar, mas espero que
todos entendam no fim". Pra ser
sincero, acho que um grupo porreta reunindo o que o futebol tem de melhor daria
à fase de grupos da Copa um ar mais interessante. Veremos se a sorte está ao
nosso lado, seja lá o que isso signifique.
De certo, por hora, apenas que o mundo agora nos enxerga através de um futebol que não é exatamente o nosso, um futebol onde
os cartolas tem direito a segurança de chefes de estado, um futebol que pode se
dar ao luxo de gastar algumas dezenas de milhões de reais pra fazer um sorteio. O nosso
futebol de verdade tem outra cara.
Que um dia o mundo tenha olhos para aquilo
que é nosso, que tem nosso jeito. Que o mundo um dia entenda a graça de um
artilheiro peso-pesado como o Walter, do Goiás, o simbolismo de um Flávio
Caça-Rato levando o Santinha ao seu primeiro título nacional. Que o mundo um dia
venha para cá provar um sanduíche de pernil na porta do Morumba, a refrescância
de um Chicabon comprado na arquibancada. Por que daqui em diante os holofotes
estarão cada vez mais sobre esse circo que há tempos corre o mundo carregando
seus interesses e nossas emoções.
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