quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Por um sorteio porreta!


Amanhã quando o sorteio dos grupos do Mundial do ano que vem estiver encerrado a Copa de 2014 terá ganho  contornos definitivos. O prato que serve os analistas transbordará possibilidades. Teremos uma ideia muito clara daquilo que nos espera. Há um sem fim de observações a se fazer em torno do assunto.

É fato que se a FIFA tivesse tido um pouco mais de paciência, se tivesse aguardado o resultado das repescagens e não tivesse usado o ranking de outubro para definir os potes do sorteio teria evitado as manobras que se seguiram. Fosse o ranking de novembro - e não de outubro - o parâmetro, Portugal e Itália teriam se tornado cabeças-de chave e a França estaria no pote dois, ocupando o lugar que ficou com a Rússia. E ponto!

Mas essa questão do ranking me incomoda muito menos do que ouvir o secretário-geral da FIFA, Jerolme Valcke, até uns dias atrás fazer mistério com o destino da França que tinha seu destino indefinido. A campeã do mundo em 1998 poderia tanto ser colocada diretamente no pote dos sul-americanos e dos africanos, como entrar num sorteio que reuniria as nove seleções européias para definir qual delas ficaria no pote dos sul-americanos e africanos. 

Seria muito salutar que as regras todas tivessem sido definidas antes. Quanto menor a margem de manobra melhor. A opção, lógico, foi pela segunda possibilidade, um sorteio entre as nove seleções da Europa. Com o detalhe de que a seleção sorteada irá diretamente para um grupo que terá como cabeça-de-chave uma seleção sul-americana, que também será definida por sorteio.

Olha, se você ficou confuso tente encontrar amparo na frase do próprio secretário-geral ao comentar o assunto: "Não é fácil explicar, mas espero que todos entendam no fim". Pra ser sincero, acho que um grupo porreta reunindo o que o futebol tem de melhor daria à fase de grupos da Copa um ar mais interessante. Veremos se a sorte está ao nosso lado, seja lá o que isso signifique. 

De certo, por hora, apenas que o mundo agora nos enxerga através de um futebol que não é exatamente o nosso, um futebol onde os cartolas tem direito a segurança de chefes de estado, um futebol que pode se dar ao luxo de gastar algumas dezenas de  milhões de reais pra fazer um sorteio. O nosso futebol de verdade tem outra cara. 

Que um dia o mundo tenha olhos para aquilo que é nosso, que tem nosso jeito. Que o mundo um dia entenda a graça de um artilheiro peso-pesado como o Walter, do Goiás, o simbolismo de um Flávio Caça-Rato levando o Santinha ao seu primeiro título nacional. Que o mundo um dia venha para cá provar um sanduíche de pernil na porta do Morumba, a refrescância de um Chicabon comprado na arquibancada. Por que daqui em diante os holofotes estarão cada vez mais sobre esse circo que há tempos corre o mundo carregando seus interesses e nossas emoções.  

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