Deveríamos ter aprendido alguma coisa quando em 2009, também na última rodada do principal torneio de futebol do país, o estádio Couto Pereira virou cenário de uma verdadeira batalha campal entre torcedores e a polícia depois de encerrada a partida que rebaixou o time da casa, o Coritiba. Um jogo com ameaça real de rebaixamento jamais será um jogo como outro qualquer. Deveria ser, mas estamos todos cansados de saber que não é. E qualquer um que se diga responsável pelo nosso futebol tem a obrigação de estar ciente disso e agir. Mas quem verdadeiramente zela pelo nosso futebol?
A punição imposta ao Coritiba com o tempo praticamente se diluiu, quem lembra dos detalhes me dará razão. E a punição que veremos dessa vez deverá, como sempre, ser no máximo algo que beira a impunidade. Faz tempo que verdadeiros marginais foram se esconder debaixo de escudos de times. São figuras fáceis, frequentam sempre os mesmos lugares, dão bandeira a cada rodada, têm as fichas sujas, mas seguem lá sendo tratados como heróis. E ninguém faz nada, absolutamente nada.
Se não fosse a imprensa tempos atrás dedurar a presença daqueles mesmos torcedores que ficaram encarcerados na Bolívia - acusados pela morte de um garoto de quatorze anos - naquela briga entre corintianos e vascaínos no recém inaugurado estádio Mané Garrincha, em Brasília, a CBF nem teria ficado sabendo, a Federação Paulista muito menos. E o Ministério do Esporte, se perguntado, não me espantaria se dissesse que não era problema dele.
Diante dos fatos restou à
Federação Paulista emitir uma nota banindo os tais torcedores dos estádios. Bom,
aí restou a imprensa voltar lá pra ver que eles não estavam preocupados e
continuavam na arquibancada... sem amolação maior. Mas pelo que tem sido visto e
ouvido por aí o Ministro do Esporte anda mais preocupado com o atraso das noivas
do que propriamente com o nosso futebol. Como bem disse um comentarista político
dia desses, a impressão é que ele ainda não percebeu que mais do ninguém tem a
obrigação de, no mínimo, fazer o nosso futebol não ser motivo de vergonha. Não
pega bem para um país que aceitou ficar exposto aos olhos do mundo e que reclama
quando um certo secretário-geral diz que anda merecendo um chute no
traseiro.
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