Não se trata de procurar culpados. Que fique bem claro. Mas todo mundo tem seu jeito de encarar as coisas. E eu também tenho o meu. Por isso, peço desculpas se esse texto se revelar um tanto amargo. Sei que se conselho fosse bom seria vendido. E estou mais ciente ainda de que a mídia tem um humor perigoso.
Duas semanas atrás, lendo uma pesquisa, dei de cara com um detalhe interessante. Talvez perverso seja a palavra. Peguei na mão duas manchetes de jornal. O espaço entre elas era de exatos vinte e sete dias, portanto, menos de um mês.
Na primeira o jogador Raí era tratado como o último ídolo da seleção, na segunda, como um fracassado. Casos assim povoam o universo do futebol brasileiro e mundial. Logo, está descartada a possibilidade de que qualquer vítima de lances assim diga que está sendo alvo de um complô.
O goleiro Fabio Costa deve saber bem disso. Afinal, tem amargado críticas contundentes. Tem ouvido jornalistas exaltarem seus erros. A posição que ele escolheu é ingrata, todo mundo sabe. Mas a de atacante não é? É, ô se é.
Então, que trate de espalmar a bola venenosa da perseguição pra longe. Não duvido nem um pouco que ele hoje, contra o Marília, volte a fazer uma exibição irreparável, como já fez tantas. Mas é preciso ter a humildade de saber que isso não vai resolver o problema. O fato é que um goleiro precisa, antes de tudo, de regularidade. De outro modo corre sério risco de não agradar.
Há tempos o arqueiro santista fez questão de deixar claro a sua maneira de encarar as divididas. Diante de atacantes mal intencionados decidiu usar o escudo da força. Parece ter acreditado que a fama de atleta que não teme divididas fosse, de alguma forma, lhe facilitar a lida. Sem querer escancarou o que devia ser segredo.
É provável que tenha se sentido amparado quando, tempos atrás, o goleiro Marcos, ao se contundir por causa de um adversário truculento, chegou a declarar que a partir daquela data agiria um pouco " como o Fábio Costa". A única coisa que poderia ter aprendido com isso é que tudo o que é dito com o estômago briga com a razão.
De lá pra cá, alguém aí viu o Marcos usando esse tipo de expediente pra cima de alguém que tenha invadido a área dele com a bola no pé? Ou alguém aí viu o Ceni sendo protagonista de uma entrada em que tenha ficado clara a discutível " força desproporcional".
Acho que o que pode realmente salvar a pele de um goleiro quando o adversário se aproxima disposto a colocar a bola no fundo da sua meta é a técnica. A força é só uma arma que alguns usam pra intimidar. Torço pra que Fabio Costa veja o lado bom disso tudo. Quando se trata do relacionamento com a mídia tudo pode mudar. E nem todas as palavras são escritas para serem bem digeridas.
Nelson Rodrigues era bem mais cruel do que eu nos seus pontos de vista. Dizia que "... um atacante, um médio e mesmo um zagueiro podem falhar. Só o arqueiro tem que ser infalível. *
* artigo escrito para o jornal "A Tribuna", Santos
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
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6 comentários:
A torcida santista tem que ter eternamente uma gratidão com o Fábio Costa.
Particularmente, depois da cabeçada do Guilherme no início do jogo contra o Corinthians em 2002, tenho tal gratidão.
Mas Fábio Costa jamais gozou de unanimidade com os santistas.
E acho que nunca gozará...
Basta a gratidão pelos bons serviços prestados.
Quanto às falhas, o torcedor comum esquece.
Já o caráter, esse sim, é fundamental e jamais será deixado de lado.
Parabéns pelo texto.
Grande abraço, meu dileto!
Ton
waguaru@hotmail.com
Pois é... o problema (ou a solução) é o goleiro assumir que errou. Achei aquele lance do Fabio meio louco... Mas gosto dele, acho um bom goleiro... Penso que a mídia pega pesado com ele as vezes, rola o lance e tal e um narrador sempre fala: "só podia ser o Fabio Costa"... coisas que nunca vou entender no futebol... rs...
Ô Vladir, participei agora do Cartão verde Ganhei a camisa do Galo mineiro não sei se vc lembra... só que eu estou aqui em Minas, será que terei alguma dificuldade pra pegar o prêmio??
Grande Abraço, parabens pelo blog e pelo Cartão Verde!! Ah! visita meu blog ai hein? rs...
Fábio Cosat é mto temperamental.
Ton,
como sempre equilibrado nas palavras, com boa memória. Concordo contigo, caráter é fundamental.
Abraço
Luciano,
a mídia é assim mesmo, aliás, como fiz questão de afirmar no artigo. Vou ao blog, sim. No mais, fique tranquilo que a produção do programa vai fazer o prêmio chegar até aí.
Abraço
Núbia,
ele é temperamental, sim. Mas o problema real é o tipo de temperamento, se é que me entende.
E o Diego Tardelli, hein?
Abraço
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