segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A arte de finalizar

Não sei se vocês já perceberam, embora não consiga imaginar que um desgosto desses, instantâneo, mas insistente, tenha passado despercebido por olhos tão sensíveis em relação à maneira que se trata uma bola. É que parece estar cada vez mais difícil ver uma jogada terminar em grande estilo. Não quero recorrer aos números, quase sempre de uma frieza, a mim insuportável, mas tenho cá comigo a convicção de que um bom levantamento iria mostrar que “nunca na história deste país” (sei que o Lula vai perdoar esse meu plágio) os nossos homens de frente, e não só eles, finalizaram tão mal.


A cada partida, seja ela um clássico, ou não, o número de chutes que tomam um destino bizarro é enorme. E olha que os que mais reclamam da moderna tecnologia das nossas bolas são os goleiros. Falo de doutores no assunto, gente como Marcos, do Palmeiras, ou Rogério Ceni. Sou capaz de apostar que vocês, em algum momento já ouviram um deles argumentar que elas são projetadas para ajudar os atacantes, ou quem ataca, já que nossos volantes estão cada vez mais saidinhos e com tendências artísticas. As gorduchinhas (não, não se trata de nenhuma provocação ao nosso fenômeno) estão cada vez mais leves, desenhando trajetórias cada vez mais traiçoeiras.

Não entendo mais nada. O Sócrates, de quem nesse campo não sou capaz de duvidar, fica indignado toda vez que ouve alguém falar que os jogadores da seleção precisam treinar fundamento, e vai entrando de sola, dizendo que eles têm a obrigação de trazer essa lição na ponta da língua, digo, dos pés, quando chegam lá. Concordo, se trata mesmo de ensino fundamental como o próprio nome sugere. Só que aí vejo meus amigos de redação se divertindo com o festival de jogadas medonhas durante a Copa São Paulo recém-encerrada, e me pego pensando que se trata de problema crônico, de raízes profundas. Ainda bem que, vez ou outra, um candidato à craque quase consegue nos convencer de sua genialidade com uma meia bicicleta, com um chute certeiro no ângulo, ou com uma bola bem colocada entre as pernas do adversário. Mas, não levemos adiante, meu Caro torcedor, essa ladainha. Isso pode ser, bem sei, apenas efeito colateral de um torneio estadual que ainda não empolgou.


Bom, já escrevi o suficiente pra sacar que tanto no campo das letras, quanto no campo de jogo, sai de cena melhor aquele demonstra precisão e rapidez na hora de finalizar... de colocar um ponto final no lance. Inté!!!



*artigo escrito para o jornal "A Tribuna", Santos

3 comentários:

Anônimo disse...

É meu caro amigo, e do Doutor Sócrates é bom não disrcordar mesmo. O "homi" entende do riscado.

Porém, creio que essa seja mais uma das coisas que mudaram com o tempo, assim como o fato, por exemplo, de nossos melhores jogadores não estarem mais no Brasil.

Não acho que seja correto e nem ouso descordar dele, mas acho que não tem muito jeito não... Sem querer parecer acomodado ou conformado...

Grande abraço.

Ton
waguaru@hotmail.com

Anônimo disse...

Sorry!
Escrever sem ler dá nisso...

Discordar! Duas vezes...rs...

Abraço.
Ton

Vladir Lemos, jornalista disse...

Caro Ton,
uma vez ouvi uma frase e jamais esqueci: " Errar é humano, desde que a borracha não acabe primeiro que o lápis". Normal!
Agradeço a visita, sempre cordial.

Abração