quinta-feira, 5 de agosto de 2021

A sedução olímpica


Os Jogos Olímpicos , a meu ver, mereciam maior reverência. Acho uma pena, no sentido de dó mesmo, que o futebol continue rolando. Essa nossa jabuticaba. Não custa lembrar que em outros cantos do mundo a bola não está rolando e os interessados não precisam ficar com um olho lá e outro cá. Seria mais um benefício de termos aproveitado a pandemia para sincronizar nosso calendário ao do futebol europeu. Por falar em futebol, me obriguei a ficar uns dias meio desligado dele, na medida do possível,  para tratar  com o devido respeito uma outra coisa que merece ser reverenciada , férias. O que sei no mundo atual beira o luxo. 

Tenho gostado de notar que se esse mundão anda cada vez mais louco a Olimpíada segue seduzindo. Tem sido um prazer notar dentro de casa, por exemplo, o entusiasmo das crianças com o que anda rolando em Tóquio. Entusiasmo que só cresceu nos últimos dias.  É um sentimento dúbio, pois sou perfeitamente capaz de compreender declarações como a dada dias trás pela skatista , Karen Jonz, de que o esporte de alto rendimento é o oposto de saúde. Neste espaço , inclusive, já defendi algo que não deixa de ir na mesma linha que é questionar até que ponto o esporte profissional, muitas vezes com seu ar de vitória a qualquer preço, é fonte de valor moral.  Mas o esporte em si, em estado bruto é inquestionável. Nobre. E acima de tudo sedutor.  

Estou convencido, por tudo que tenho visto à minha volta - e não é de hoje - que ao final de cada edição um sem número de pessoas acaba se entregando ao esporte, seja de maneira profissional, ou não. Como estou convencido de que boa parte desse contingente é de crianças. E isso não tem preço.  E já que o futebol está aí, partilho com vocês também uma impressão sobre o mundo da bola.  Olhando a tabela passo a  achar que aos poucos vem se estabelecendo nesse universo uma nova ordem. Ver entre os dez primeiros colocados times como Fortaleza, Bragantino, Ceará, entre outros, não deixa de ser um prova de que as coisas mudam.  

Não duvido do que podem times como Flamengo e Corinthians que no final de semana fizeram um dos clássicos mais comentados da rodada. Mas aos poucos uma nova maneira de gerir o futebol vai se mostrando.  Ter o Bragantino como exemplo já virou até  meio clichê, mas não dá pra não aceitar que há ali algo que realmente o diferencia dos demais.  Nem que isso se resuma a ser visto de maneira distinta, o que não deixa de ser um feito, uma realização. Que o Flamengo tenha se tornado o que se tornou não deve espantar. Sendo um pouco mais exigente seria possível afirmar que tinha essa obrigação pelo que representa e fatura. 

O contraponto é justamente um time como o Corinthians se mostrar tão fragilizado, sem recursos pra reagir. E não tô falando do que se dá em campo, porque em matéria de futebol viver altos e baixos será sempre do jogo. Os ditos grandes, que pensam pequeno desde sempre que se cuidem. Há, pelo visto, outros caminhos ficando cada vez mais claros e que prometem desafiar a incompetência que reina nesse universo brasileiro da bola. Ainda que essa visão intimista traia aquele desejo bem intencionado de que o nosso velho futiba volte a desabrochar. E, por falar no tema, devo dizer que se tem uma coisa que chamou a atenção foi essa liderança do Palmeiras. A quem a nem tão velada rivalidade com o Flamengo tem feito um bem danado. E vamos em frente que ainda tem um tantinho de Olimpíada pra nos distrair.

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