Em matéria de educação a torcida é muito parecida
com o mundo virtual. A teoria, embora rasa, é de fácil constatação. Basta sentar
na arquibancada ou entrar em alguma seção de comentários que trate de um assunto
quente e verás. No caso da torcida, Dilma que o diga. Os xingamentos dirigidos à
presidente foram lamentáveis. Mas no time dos vaiados Dilma não está
sozinha.Gente muito garbosa faz parte desse escrete. Bill Clinton, por exemplo,
que provou o fel das arquibancadas no Mundial dos Estados Unidos.
Na Copa
anterior, a de 2010, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, teve seu discurso na
abertura abafado pelas vuvuzelas mas no encerramento a falta de respeito se
materializou em vaias mesmo. Nossa presidente ao falar sobre os xingamentos
recebidos na abertura da Copa garantiu que nada irá tirá-la de seu caminho.
Embora lamentável, o ocorrido pode ter tomado importância maior do que merecia,
e tenho dúvidas de que Dilma sozinha teria instrumentos para tal reflexão já que
nos últimos tempos mostrou ter pouca intimidade com o futebol.
Primeiro, ao
receber jogadores no Planalto se mostrou estarrecida ao ter detalhes de como
os clubes são negligentes na hora de pagar salários. Depois, ao receber um grupo
de jornalistas, pelos relatos que ouvi, se mostrou surpresa com a realidade que
lhe foi exposta. E para completar, na carta que enviou aos jogadores da seleção
comandada por Luiz Felipe Scolari citou um futebol com ginga no corpo e
improviso desconcertante que não condiz com o que temos visto em campo. E,
nas linhas seguintes, afirmou que o mundo está ciente de que somos os melhores.
Como assim, Presidente? Justo agora que nem nós, e nem o mundo, parecem ter essa
certeza.
Por tudo isso, imagino que Dilma corra o risco de não ter noção exata
de como se processam os sentimentos nas arquibancadas e, portanto, tratar os
xingamentos de maneira precisa.. E que não acredite na defesa desmedida de Lula -
vaiado fervorosamente na abertura do Pan do Rio - que considerou os xingamentos
" a maior vergonha que o país já viveu". Ora, fosse verdade uma coisa dessa
estaríamos bem. Pois o que deve nos envergonhar de verdade são nossos hospitais, nossa segurança claudicante e por aí vai.
De todas as atitudes tomadas por
Dilma nos últimos tempos nesse campo, uma tinha e tem tudo para fazê-la ser vista de modo
diferente pelas arquibancadas: a aproximação com o Bom Senso, o movimento fundado
pelos jogadores para melhorar o nosso futebol. Olha, se a visse ao lado deles de novo,
como naquela antiga brincadeira de criança, quente e frio, sabem? Não sei não! Correria o
risco de instintivamente acabar gritando: " Quente presidente, quente!".
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