Nos últimos tempos ele tem sido muito falado por tudo o que anda falando de si
mesmo, não exatamente pelo futebol que anda mostrando em campo. Tem carregado no
tom e não tem deixado de sugerir elogios ao descrever sua própria pessoa.
Situação que me fez notar duas coisas interessantes. Uma é como a gente que
trabalha no meio esportivo tem dificuldade de aceitar quando um jogador deixa de
ser humilde. A outra é como Paulo Henrique Ganso se tornou um jogador
intrigante.
Não é difícil encontrar por aí alguém que tempos atrás apostaria
mais nele do que em Neymar. Mas hoje em dia o que todo mundo se pergunta é o
que aconteceu com o Ganso. Afinal, a modernidade pode ter nos condenado a todo
tipo de miopia ludopédica mas não nos roubou essa paixão pelo jogador capaz de
pensar o jogo e de o fazer com rara beleza. Que seu futebol não anda parecido
com o de antigamente não resta dúvidas. Mas o estilo continua sendo de uma
elegância impar. E é justamente aqui que penso estar um detalhe fundamental para
entender tudo o que se passa.
Visto por essa ótica Ganso pode até estar coberto
de razão quando diz não enxergar ninguém acima da média como ele. O que o meia são paulino precisa levar em conta, e parece estar esquecendo, é que o
futebol atual não perdoa a ausência de competitividade. Basta
acompanhá-lo durante uma partida para perceber que ele não tem marcado como
fazia em seus melhores momentos com a camisa do Santos. No clássico contra o
Corinthians no último domingo correu bem, mas na maior parte das vezes desistiu
do adversário antes de ter alcançado a possibilidade de dar o combate. Algo que
fazia com maestria nas temporadas anteriores, ajudado até por seu ótimo tempo de
bola. Há quem prefira reduzir tudo à questão física. Não é o meu caso.
Tenho a
sensação de que Paulo Henrique Ganso tem apostado numa receita que mescla uma
postura firme com uma boa dose de plástica na hora de se exibir em campo, ciente
que está de que poucos tem o segundo ingrediente para usar em abundância como
ele. Para colocar em prática sua estratégia chegou até a contestar a tática de
Muricy Ramalho. O passe dele para Luis Fabiano marcar o gol de empate contra o
Corinthians no último domingo foi de movimentos complexos e deixou à mostra sua
visão diferenciada do jogo. No entanto, acho que Ganso tem algo a aprender com a
conclusão cheia de vigor e disposição de seu companheiro de ataque. Em matéria
de esporte de alto nível a ausência de estilo é quase um pecado, mas só estilo também não basta.
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