sexta-feira, 16 de maio de 2014

O estilo Ganso


Nos últimos tempos ele tem sido muito falado por tudo o que anda falando de si mesmo, não exatamente pelo futebol que anda mostrando em campo. Tem carregado no tom e não tem deixado de sugerir elogios ao descrever sua própria pessoa. Situação que me fez notar duas coisas interessantes. Uma é como a gente que trabalha no meio esportivo tem dificuldade de aceitar quando um jogador deixa de ser humilde. A outra é como Paulo Henrique Ganso se tornou um jogador intrigante. 

Não é difícil encontrar por aí alguém que tempos atrás apostaria mais nele do que em Neymar. Mas hoje em dia o que todo mundo  se pergunta é o que aconteceu com o Ganso. Afinal, a modernidade pode ter nos condenado a todo tipo de miopia ludopédica mas não nos roubou essa paixão pelo jogador capaz de pensar o jogo e de o fazer com rara beleza. Que seu futebol não anda parecido com o de antigamente não resta dúvidas. Mas o estilo continua sendo de uma elegância impar. E é justamente aqui que penso estar um detalhe fundamental para entender tudo o que se passa.

Visto por essa ótica Ganso pode até estar coberto de razão quando diz não enxergar ninguém acima da média como ele. O que o meia são paulino precisa levar em conta, e parece estar esquecendo, é que o futebol atual não perdoa a ausência de competitividade. Basta acompanhá-lo durante uma partida para perceber que ele não tem marcado como fazia em seus melhores momentos com a camisa do Santos. No clássico contra o Corinthians no último domingo correu bem, mas na maior parte das vezes desistiu do adversário antes de ter alcançado a possibilidade de dar o combate. Algo que fazia com maestria nas temporadas anteriores, ajudado até por seu ótimo tempo de bola. Há quem prefira reduzir tudo à questão física. Não é o meu caso. 

Tenho a sensação de que Paulo Henrique Ganso tem apostado numa receita que mescla uma postura firme com uma boa dose de plástica na hora de se exibir em campo, ciente que está de que poucos tem o segundo ingrediente para usar em abundância como ele. Para colocar em prática sua estratégia chegou até a contestar a tática de Muricy Ramalho. O passe dele para Luis Fabiano marcar o gol de empate contra o Corinthians no último domingo foi de movimentos complexos e deixou à mostra sua visão diferenciada do jogo. No entanto, acho que Ganso tem algo a aprender com a conclusão cheia de vigor e disposição de seu companheiro de ataque. Em matéria de esporte de alto nível a ausência de estilo é quase um pecado, mas só estilo também não basta.

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