Eu sei que a maioria sempre acha que por trás de cada palavra dita ou escrita por um jornalista esportivo está a paixão dele por um clube. Mas não temo tais acusações e, por isso, voltarei ao assunto. Faço questão de deixar aqui registrada a minha torcida.
Desde o momento em que o presidente santista anunciou que Neymar ficaria torço para que o projeto dê certo. Por puro amor ao futebol. Nada a ver com clubes, distintivos, história pessoal. Penso simplesmente no bem que o sucesso da empreitada poderá nos fazer.
Trata-se do lance mais a favor do nosso futebol desde que o Palmeiras em meados de 2009, inflado pela possibilidade de voltar a ser campeão brasileiro, anunciou que não venderia nem Diego Souza, nem Cleiton Xavier.
O fato é que o tempo passou e os acontecimentos no Parque Antártica fizeram muita gente questionar a atitude. O time alviverde deixou escapar o título e, para trauma geral, até a vaga na Libertadores. A torcida bufou, com razão. O elenco acusou o golpe. A vida seguiu. A prometida volta por cima demorou e a paciência da torcida chegou ao fim.
Diego Souza perdeu a classe, foi afastado, e não é demais dizer que precisou sair pela porta dos fundos nos idos do último mês de junho. Cleiton Xavier, que a essa altura estava longe de ser visto com o respeito e a admiração de antes, acabou vendido para o Metalist, da Ucrânia, pouco mais de duas semanas depois. A dupla, outrora vista como a grande arma do time, acabou numa gelada. O caminho para trazer de volta a euforia e a fé no futuro tem custado muito caro ao Palmeiras.
É por essas e outras que digo que é preciso torcer para que o projeto santista tenha um desdobramento favorável. Caso a coisa não saia como o esperado as acusações de que o Santos rasgou dinheiro serão inevitáveis. E pior, terá ido por água abaixo o sonho de um dia poder lutar contra os milhões disparados constantemente pelas super potências econômicas do futebol.
Sim, o presidente do Clube do 13, Fabio Koff, ligou para elogiar o mandatário santista. Até o Lula, na segunda, deu um jeito de se aproximar e tirar uma casquinha dessa boa imagem tão corajosamente construída. Louvável. Mas pouco restará se o projeto não vingar, se Neymar não for negociado por números que justifiquem tanto sonho, ou se deixar de ser em campo esse menino audacioso, de golas levantadas, como que a avisar que ali está um talento ímpar.
Agora, se Neymar continuar sendo esse que se viu no gramado da Vila no último domingo, à vontade com a sua missão, se os projetos de marketing tiverem suas cifras aumentadas, se o lucro for maior na hora da partida, se o Santos resgatar um pouco daquela imagem de time que um dia perambulou pelo planeta se exibindo, aí não vai faltar quem queira copiar a fórmula.
E, nós, amantes do futebol, com nossas preferências seja lá por que clube for, teremos muito a comemorar. Eu disse, eu disse, torcer é um tipo de esperança.
* Artigo escrito para o jornal " A Tribuna", Santos
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
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