Perdido nesse oceano de gols e dribles, não sei se vocês atentaram pro lance. O governador do Rio de Janeiro chorou. E não foi por nenhuma criança de rua, por nenhum dos inocentes mortos por balas perdidas, não foi por nenhuma das tantas cenas e acontecimentos cruéis que andam a castigar seu povo.
O governador chorou por causa da aprovação da emenda que altera as regras de distribuição dos royalties do petróleo em nosso país. Segundo os interessados a decisão tira do Rio sete bilhões de reais por ano. Uma vez aprovada - ainda precisa passar pelo Senado e pela sanção presidencial - os recursos sobre a exploração de petróleo e gás, incluindo a extração da cobiçada camada pré-sal, seriam distribuidos pela metade entre estados e municípios, sendo os valores estabelecidos de acordo com os percentuais da divisão dos fundos de participação, já existentes.
Interessante foi notar como o ocorrido expôs as vísceras da relação entre o Estado e o esporte. Não tardou e o governador veio a público dizer que, diante da aprovação da emenda, a Copa a e Olimpíada no Rio seriam inviabilizadas. Jogos do Campeonato Carioca de futebol fizeram até um minuto de silêncio antes das partidas no final de semana e, no Engenhão, durante o jogo entre Fluminense e América, o placar eletrônico tratou de convocar a massa para o ato público contra a medida, que seria realizado nesta quarta-feira, na famosa Candelária, no centro do Rio, e do qual não dou mais detalhes porque precisei escrever este artigo antes disso.
Mais impactante ainda foi ver a disposição do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro para entrar na briga, fazer pressão, e justamente contra o governo federal que tanto já lhe deu, e dá. Carlos Arthur Nuzman disse que a "redução da receita...deixará o estado do Rio de Janeiro sem condições de fazer as obras necessárias para os Jogos 2016...representará uma quebra de contrato".
Nosso mais alto mandatário olímpico não incluiu a Copa no discurso, mas o governador o fez, e foi longe: " As prefeituras param. O estado não terá mais recursos. Para tudo, no nosso caso para tudo".
As partes interessadas deveriam aceitar a desistência. Bastaria que a Copa chegasse para deixar claro o equívoco da atitude. Imaginem o Brasil mergulhado na festa do seu segundo mundial da história, e o Rio à margem de tudo. A cidade maravilhosa não merece um futuro assim.
O governador também fez questão de lembrar de uma antiga campanha, encampada pelo Rio, cujo lema era:"O petróleo é nosso". Bom, pelo visto agora o petróleo já tem dono, e esse papo todo me fez lembrar de uma outra campanha vista nestas terras, mas que versava sobre questões diferentes, religião entre elas, e que sugeria o "Brasil para todos". Aí eu pergunto, interessa a quem?
segunda-feira, 22 de março de 2010
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