" O jogador se diverte e não para de fazer gols". Encontrei essa frase, perdida entre muitas outras, quando lia uma matéria sobre Lionel Messi, o jogador do Barcelona. E ela me bateu como uma iluminação. Clareou um sentimento que eu já havia alimentado. Vou dizer porque. Tempos atrás, quando Ronaldinho Gaúcho vivia uma fase muito parecida com a que o jovem argentino desfruta agora, cheguei a escrever que tão impressionante quanto suas jogadas e seu talento era a alegria que ele deixava transparecer a cada lance.
Seu rosto estava cheio de sorrisos. Sei que diversão e alegria são coisas diferentes, mas não dá pra negar que tenham íntima relação. E se os talentosos acabam com o jogo porque estão alegres, ou se estão alegres porque andam acabando com o jogo, jamais saberemos. Interessa é que o biscoito esteja sempre fresquinho. É ou não é?
Sem susto - e mesmo correndo o risco de beirar a literatura de auto-ajuda - digo mais, essa teoria da diversão e da alegria é capaz de explicar também o brilho do atual time santista. Sinceramente, não consigo imaginar que exista alguém nessa terra capaz de duvidar que o segredo da meninada da Vila, além do talento, é estar imersa em imensa alegria e divertimento. Não seria assim se o nível de cobrança fosse outro. Não mesmo.
E, mandando a humildade de vez pra escanteio, afirmo que essa minha teoria tem ainda a virtude de apontar o mar de interesses, as transações milionárias e a necessidade extrema do sucesso, como os grandes vilões do jogo de bola. Vejam. Será que a ausência da alegria e do divertimento não explicam a dificuldade encontrada pelo Palmeiras, pelo São Paulo, e mais ainda pelo Corinthians?
Não há nada que neutralize mais a possibilidade de se divertir do que ter que lidar com uma cobrança colossal por um título que escapou no ano passado, por um que precisa se repetir, ou por um que nunca veio. Pra completar, há sobre as costas do elenco comandado por Mano Menezes o peso de um século que se fecha. Os mais duros dirão que Ronaldo, Roberto Carlos e seus companheiros ganham bem pra isso. Também é verdade. Como é verdade que a obrigação sempre foi um antídoto para a alegria.
Azedos de todos os cantos não darão o braço a torcer, afinal, a alegria não é o objetivo primeiro de um profissional. Mas quantas profissões nasceram de uma brincadeira? Relembre o cara da sua rua que fazia chover durante as peladas, investigue na memória se os olhos dele não tinham um brilho diferente quando miravam a bola, se não vivia de bem com a vida, sorrindo a todo instante.
Neymar, Ganso, André, mais do que a maioria, conservam parte desse sentimento que, infelizmente, se perde aos poucos. Os chatos vivem a puxar suas orelhas, eu, que achei aquela comemoração da estátua o máximo, me limito a alertar que seja no Camp Nou,em Barcelona, ou na Vila Belmiro, em Santos, nada melhor para coroar essa possibilidade da diversão e da alegria em campo do que um título.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário