Qualquer caderno de esportes carrega em si uma porção de notícias que terão suas entranhas reviradas nas bancadas dos programas esportivos e uma outra que não terá esse direito. Dias atrás li uma entrevista do presidente do São Paulo Futebol Clube, Juvenal Juvêncio, e esperei com certa ansiedade, confesso, o momento de comentar as declarações do eloquente cartola tricolor.
Mas as palavras ditas por ele foram engrossar o time das notícias sem direito a maiores reflexões. A conversa girava em torno dos problemas que o clube vem enfrentando com os jogadores da categoria de base. Pra quem não sabe, neste início de temporada alguns deles decidiram deixar o São Paulo, e em meio aos duelos recheados de argumentos jurídicos o clube admitiu ter feito várias emancipações com a intenção de garantir seus privilégios de clube formador.
Isso porque quando se trata de menores a FIFA só permite contratos de até três anos. Com a emancipação, que é assinada pelos pais, o time do Morumbi dribla essa determinação e elabora contratos de cinco anos. Apesar de a entidade máxima do futebol já ter estabelecido como quer que os garotos sejam tratados, o presidente do São Paulo não se dá por satisfeito. Esbanjando segurança, garante que o que eles buscam "...virá pela FIFA ou pelo governo brasileiro".Do jeito que o nosso governo anda refém do futebol, eu nem duvido.
Garboso, vai além, insinua que a FIFA quer o contrato de cinco anos, quando o que a entidade quer já está imposto e o clube deveria acatar. A entrevista trouxe ainda outras pérolas. Uma delas sobre a Copa Sub-15. Diz o presidente:"... estamos pensando em não disputá-la". A intenção, claro, é não exibir os meninos, não atiçar o apetite da concorrência.
Que bela estratégia essa de esconder a gurizada e não deixar que os garotos descubram o gosto de vencer um torneio, não acham? Ora! Por falar em esconder, Juvenal também deu sua versão para os contratos de gaveta. Disse que contrato de gaveta é o contrato escondido, mas que os garotos têm advogados para defender seus interesses, que eles sabem do que se trata, e recheou a conversa com um ardil de fazer inveja, sugerindo que a "eficácia futura é uma tese nova".
Presidente, gaveta é gaveta, e o contrato que se guarda nela para ser usado depois é o tal. O que dirá a justiça no futuro sobre esse tipo de atitude é outra conversa. E se o São Paulo é um clube tão diferente, tão moderno quanto gosta de alardear, ou seus jovens e seus defensores ainda não viveram o bastante pra valorizar o que têm à disposição, ou eles têm considerado o preço a pagar caro demais. Em resumo, uma sequência de argumentos tão pouco convincentes, que lembrar do velho bordão "Nem a pau Juvenal!", foi inevitável.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
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