Pensemos, pois, nos fatos que têm sido a alma do jornalismo esportivo nos últimos dias. Sim, porque um fenômeno sempre nos faz pensar. Experimentamos, ao menos uma vez, ainda que por vias um tanto tortas, é verdade, já que a contratação não se deu em condições ditas normais, mas ainda assim experimentamos essa euforia tão normal aos europeus, a de ver chegar um grande nome do futebol. Nesse teatro da bola só nos tem sido permitido viver as partidas.
Isso mesmo, aqueles que podiam encher o nosso jogo de futebol de classe e sonho, logo arrumam as malas, e o pior, bem ao flertar com o sublime. Nos deixam com água na boca, imaginando do que não seriam capazes ao amadurecer. Entram num avião e vão brilhar em Madrid, em Milão, em Munique, em Londres. É certo que no trajeto até lá, muitos ficam pelo caminho. Saber lidar com a bola, é uma coisa, saber lidar com a vida é outra, bem diferente.
A chegada de Ronaldo ao Parque São Jorge foi um pouco essa síntese, nos colocou mais perto da dimensão do que viveríamos se outros clubes brasileiros pudessem anunciar um reforço dessa magnitude. Não custar imaginar Fla-Flus, Derbys e Grenais ainda mais efervescentes. Só que o nosso pobre futebol não tem grana para comprar essa alegria.
O próprio Ronaldo citou uma luz no fim do túnel. Mostrar o que pode ser a repatriação de um atleta não deixa de ser uma luz.
Eu sei, falei no início “dos fatos”, no plural, mas pensando bem, melhor deixar pra lá. Pensei em falar do caso Madona/São Paulo/Federação Paulista, coisa que vai ficando cada vez mais nebulosa. Também pensei no Cuca assumindo o Flamengo, na política conturbada do Palmeiras que promete dias de arrepiar, na (re)criação da dupla Alex Mineiro e Kleber Pereira, no dinheiro que a CBF distribuiu nas eleições municipais, depois de ter cortado a ajuda aos times da série C (isso é que é ter prioridade.Não acham?), pensei também no Hexa do São Paulo que acabou tão apagado. Pudera, por hora o fenômeno vai passando por cima de tudo.
Os profetas do marketing que me perdoem, eu peço, deixem de lado esse olhar cheio de orgulho, porque nem é preciso ter estudado muito pra saber que o anúncio da contratação do tal camisa 9 causaria estrondo. Quero ver é trabalhar com o marketing possível...trivial...
E olha, jamais imaginei que poderia encontrar em Ronaldo algo de paulistano. Um carioca da gema. Agora vejo, a vida o fez corintiano, e naquilo que o corintiano tem de mais visceral, o sofrimento. Bom, aproveito pra desejar um ótimo ano... cheio de saúde.
* artigo escrito para o jornal "A Tribuna, Santos
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
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6 comentários:
Olá Vladir!
Só não concordo qdo diz q o título do SPFC foi apagado. Foi e será sempre maior q uma contratação, seja ela quem for. Sou louco por Tí....tulos! Feliz 7-4-4!
Abraços,
Sandro
Olá,
Acho que "Apagado" foi o time do Santos, este ano... mas tudo bem.
Talvez, esta contratação de "peso" do timinho, tenha este objetivo mesmo: tentar não invejar muito o título do SPFC, como tb, a pobre invenção da federação.
E espero que esta não seja a unica utilidade do Ronaldo.
Jogadores passam (e acabam), mas o HEXA-TRI do São Paulo É ETERNO!!!!
abs
Sérgio
Sandro,
não disse que o título do São Paulo foi apagado. Disse que o interesse da mídia pelo fenômeno roubou um espaço que seria dedicado ao Hexa, provavelmente.
Abraço
Sérgio,
o time do Santos foi mesmo apagado, e de tão apagado quase foi "brilhar" na segunda divisão.
Sem dúvida, a conquista tricolor é para sempre.
Abraço
O Ronaldo não JOGA BOLA desde 2002, o Corinthians fez bem, financeiramente deve lucrar, mas no campo, só DEUS...
Ah, FELIZ ANO NOVO, muita saúde, sucesso, inspirações, ondas, trabalhos, um Cartão Verde mais cedo pra nós [se é que voltará a ser transmitido aqui pela Rede Minas. Tudo isso, se extende a sua família!
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