Do pós-campeonato, da segunda-feira de cerimônias e prêmios gostei mesmo foi do chapéu do volante Hernanes. Gostei mais ainda do jeito que ele se apresentou, com um brilho bonito nos olhos, um brilho de quem se descobre capaz de maravilhar platéias. O jovem, que não faz distinção entre perna esquerda e perna direita, tinha algo de Fernando Pessoa, mas foi logo avisando que não era nada disso, era só uma reverência às suas origens. Simples assim.
Na sequência pronunciou nomes que traziam força até na sonoridade. Nomes de lugares distantes da mata pernambucana. Engenho São Lourenço, Usina Aliança, “onde morei”, disse o virtuose que soube tirar máximo proveito do know-how sãopaulino.
À noite, no Rio, teve homenagem a Pelé, às nossas lendárias figuras da Copa de 58. Uma turma que deveria viver pra sempre sob as luzes, cultuada. E é sempre bom ver o Rei do futebol e seu porte majestoso, embora dele gostasse de ouvir outras palavras.
Às vezes, torço como quem espera um gol para que ele vá além das "criancinhas", que ele cobre daqueles senhores que cuidam do nosso futebol que o façam melhor do que está. Que falta fazem suas palavras. Pelé falou da torcida por Kleber Pereira, e confessou a agonia de ter que torcer para o Santos não cair. O Santos que o fez mundial, planetário, à beira da segunda divisão?
Não era o momento ?
Não, festas de gala não encaram com bons olhos palavras indelicadas. O que vi foi um Rei tão oficial. Mas com sua envergadura bastaria ser legítimo, como é. Não falo de empolgação, não. Empolgação é um perigo, pode nos trair. Veja o caso do nosso “melhor” juiz, Carlos Eugênio Simon. De troféu na mão, empostou a voz. E ao primeiro sinal de vaia foi logo avisando que aquilo não faria a menor diferença pra quem já encarou o descontentamento de um Maracanã lotado.
Sem querer, Simon mostrou porque os árbitros andam tão problemáticos. Eles enxergam tudo ao contrário, só pode ser. Ele fez questão de cumprimentar a CBF “por esse campeonato extraordinário”.
Como um campeonato pode ser extraordinário se não permite nem que o torcedor compre um ingresso de maneira digna?
Não quero assustá-los, mas nosso Ministro do Esporte enxerga como o Simon. Disse ele, "quero cumprimentar a CBF por ter feito um dos campeonatos mais sensacionais de todo o mundo. É, olhando bem, dá quase pra confundir com o inglês. E disse isso “pra não falar no nível técnico”. Prova cabal de que enxerga tudo com a maior clareza. Sabia que não tinha nada a ver com meus velhos óculos. Só não entendi porque apenas um troféu Bola-Murcha.
* artigo escrito para o Jornal "A Tribuna", Santos
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
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6 comentários:
Pelé não tem noção do que a sua figura representa. E não o culpo, pois não deve ser fácil medir essa importância.
Grande abraço, Vladir.
PS: Ontem, foi o aniversário de 13 anos da semi-final entre Santos e Fluminense. Escrevi um texto para mandar ao Cartão Verde, mas, como não teve programa, publiquei no meu blog. mauriciofernandes.wordpress.com
Por que os árbitros assistentes ou bandeirinhas,não são premiados?Assim como os árbitros,eles são peças importantíssimas nas decisões dos jogos,sendo os verdadeiros responsáveis pelo resultado de diversos jogos,ora acertando,ora errando.Fica aqui a minha interrogação.
Grande Vladir! Ótimo texto! Graças ao Cartão, principalmente ao Xico e agora vc, comecei a prestar mais atenção nas entrevistas do Hernanes. Me parece diferenciado. Faltam ou não temos jogadores assim. Sou são paulino fanático, vou em todos os jogos e torço pra que ele fique mais um tempo no Brasil e com satisfação no meu time.
Vladir, já o encontrei no Zé L...(Perdizes), espero revê-lo por lá. Trocamos uma idéia. Abraços e parabéns!
Vladir, o Hernanes parece um jogador que tem a cabeça no lugar ( diferentemente dos deslumbrados por aí). Naquela semana da "final" em Brasília, quando o valor dos ingressos foi aquele absurdo ( de 400, depois a 150 reais), o jogador disse:
"Não aconselho o torcedor a deixar de botar comida em casa para assistir a essa partida".
Show essa afirmação! Corajosa e verdadeira. Parabéns!
Quanto ao Pelé, acho que na verdade ele escolhe bem as palavras...ou tenta, pelo menos. Porque a imprensa brasileira também é dose: tudo o que o Pelé fala já levam para a gozação, para o ridículo e aquele bordão infame do Romário é logo evocado.
Vladir, falando em Santos, peço que divulgue um movimento que surgiu a partir de torcedores insatisfeitos com os rumos que o Santos vem tomando ultimamente e preocupados já com 2009 e com o centenário do clube em 2012. É o "Movimento Santos Total": http://santostotal.blogspot.com
abs e obrigado!
QUERO QUE VEJA AS MINHAS FOTOS E SE GOSTAR RECOMENDE
www.paziam.wordpress.com
abraço
O Pelé não deve saber o que representa pro mundo.
Hernanes é show.
Zero pra quem inventou o troféu para árbitros.
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