quinta-feira, 5 de junho de 2025

Qual é a desse Mundial?

Foto: Reprodução/FIFA


O momento me permite dizer que se você acha que já viu tudo em matéria de futebol está enganado. Vem aí o Mundial de Clubes da FIFA, que será disputado nos Estados Unidos a partir do próximo dia quinze. Dar de cara com uma competição recém criada não é exatamente novidade. Mas a envergadura do que está pra começar provoca reflexões. A primeira delas: como não estar alinhado com o calendário europeu nos cria uma espécie de realidade paralela. Enquanto os poderosos esquadrões europeus  deram conta de seus torneios, entre nós a recém-criada competição estancará tudo num momento em que os clubes começam verdadeiramente a se colocar na temporada. E não se trata de algo breve. O Mundial irá durar um mês. 

Para além da curiosidade inevitável de saber como é que os brasileiros convidados para a festa irão se sair no meio dos supostamente melhores times do planeta paira no ar também certa curiosidade sobre quais serão os efeitos colaterais que serão vistos quando eles voltarem para dar conta do que deixaram por terminar. E não só eles, mas os que aqui ficaram em compasso de espera. Claro que essa realidade nova impõe um desafio de planejamento, um desafio físico. Fico me perguntando se os brasileiros que lá estarão prepararam tudo para chegar no auge de suas capacidades, ou se apenas encaixaram o novo compromisso no meio de tudo acreditando que, seja qual for o tamanho da glória embutida nisso, é aqui que eles terão de seguir a vida depois. 

Tudo tão importante que a FIFA tratou, inclusive, de criar uma janela de transferência excepcional, aberta no último domingo e que permanecerá assim até a próxima terça. Iniciativa nova que é fez a entidade máxima do futebol  ter lidar ainda com aspectos do dito futebol moderno e proibir que clubes controlados pelos mesmos proprietários - ou empresas - viessem a se enfrentar. Era o caso de dois times mexicanos, o León e o Pachuca. O primeiro acabou excluído. E o segundo estará no Mundial. A vaga em aberto foi decidida no último sábado pelo Los Angeles, dos Estados Unidos, e o América, do México. Ficou com os americanos em grande estilo, graças a uma virada na prorrogação. E, detalhe, a vaga é do grupo em que está o Flamengo. 

Também tenho curiosidade pra saber o lugar que esse tal Mundial irá ocupar no imaginário dos brasileiros que gostam e acompanham futebol. Aos que por ventura venham a se apaixonar ou torcer o nariz pra ele aproveito pra lembrar que depois dessa edição o torneio passará a ser disputado a cada quatro anos. Como virtude,  tendo em vista a legitimidade daqueles que irão nos representar, o Mundial talvez possa nos oferecer uma oportunidade mais profunda de descobrir o que pode o futebol brasileiro em termos planetários, seu verdadeiro nível de competitividade, que vira e mexe até as nossas copas continentais fazem virar uma grande dúvida. 

De certo mesmo, por hora, só o sucesso comercial dessa empreitada que a FIFA se esmerou para colocar em curso. E sabe-se lá tendo de remover quantas montanhas de interesses. Uma revisão orçamentária feita no meio do mês passado apontou que o Mundial irá gerar uma receita de dois bilhões de dólares. Quantia considerável, se lembrarmos que no ciclo que separou as últimas duas Copas do Mundo o faturamento foi de aproximadamente sete bilhões e meio de dólares. Tanto poderia ser dito a respeito. Mas acho que a questão é: cifras à parte, o novo Mundial irá enriquecer o futebol mundial?  

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