quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Retratos do momento

Depois do que se viu dias atrás nas arquibancadas do Pacaembu ninguém mais deveria falar sobre o time do Parque São Jorge sem antes analisar tais cenas, ou melhor, antes de senti-las, porque parece ser justamente esse o caso. Se você não viu... eu lhe conto. 

Na partida contra o Bragantino estavam de um lado os ditos torcedores organizados querendo protestar e do outro torcedores corintianos comuns dispostos a apoiar o time, batendo palmas, incentivando. E aí o que fizeram os que estavam a fim de protestar? Tentaram impedir que se mostrasse ali nas arquibancadas uma reação que não fosse a deles, de indignação, descontentamento. Ou seja, o desserviço que esse tipo de torcedor presta ao futebol não tem limites.

Vejam a que ponto chegamos. Você vai ao estádio agora e passa, além de tudo, a ter de se preocupar se a sua maneira de torcer não vai melindrar ninguém. Tenha a santa paciência. Por falar em paciência, a fase do Emerson soa mesmo terrível, como a de Paulo Henrique Ganso que - mesmo longe de estar vivendo um inferno astral como o de Sheik - voltou a ouvir do seu treinador que ele segue sendo um jogador que não gosta de fazer gols, o que nunca se diz quando sua técnica está evidente e que, por outro lado, poderia ser encarado como prova de muita personalidade. 

Queria ainda citar um outro acontecimento banal mas que, creio, diz muito sobre o que andamos vendo e vivendo. Uma cena que presenciei na última sexta-feira ao entrar em um supermercado para comprar uma garrafa de água. Pois é. Aguardava a senhorinha na minha frente pagar as compras do dia, quando ela decidiu comprar uma dessas sacolas ecológicas. Aí diz a caixa:

_ Pode ser a verde?

Como elas estavam expostas a certa distância, a mulher levantou os olhos, 
analisou-as com atenção e disparou indignada:

_ Não! Verde não. Nada de CBF!!!

Surpreendido pela frase - e pela ênfase da pacata senhora - instintivamente olhei pras sacolas também. Era verdade! A verde tinha um escudo enorme da CBF em detalhe.
A conversa seguiu:

_ Me dá a vermelha!

A caixa ainda mostrou outros modelos, um deles todo verdinho, ecológico, bonito, mas a mulher estava decidida:

_ A vermelha, a vermelha - voltou a dizer

Esperei minha vez, paguei a água e saí do lugar pensando até que ponto aquilo não 
era o mais fiel retrato de como anda o ânimo do nosso povo com os donos do futebol e com o próprio. E bem agora que a Copa parece apontar na esquina. 

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