Por mais que alguém tenha
cometido a insânia de dizer que o gol é um detalhe estamos cansados de saber que
não é bem assim. E não me venham com argumentos porque sem ele não se vai a
lugar algum. Não chegaria a dizer que um zero a zero é o que pode haver de mais
triste no futebol porque não sou homem de duvidar dos enredos que esse jogo é
capaz de desenhar. Mas estou ciente de que desenlaces desse tipo são raros, o
que me faz querer - como a maioria - ver logo é um gol.Teria mais facilidade em
aceitar a tal teoria do detalhe se, ao menos, tivesse tratado o gol como um
detalhe, sim, mas como o mais precioso dos detalhes.
E, diante desse eterna urgência do gol, eis que o país do futebol, de repente, se vê sem um atacante, sem um homem de frente. Talvez não tenha sido tão de repente assim. A coisa foi rareando, rareando, até que Fred acabou visto como a grande salvação. Não culpo quem ainda não se convenceu de que deve ser dele esse papel. Também não estou convencido.
E, diante desse eterna urgência do gol, eis que o país do futebol, de repente, se vê sem um atacante, sem um homem de frente. Talvez não tenha sido tão de repente assim. A coisa foi rareando, rareando, até que Fred acabou visto como a grande salvação. Não culpo quem ainda não se convenceu de que deve ser dele esse papel. Também não estou convencido.
Há um traço singular em jogadores desse tipo. Em geral, quando
se trata de um virtuose do meio campo é impossível se contentar apenas com
breves lampejos de genialidade. Desse tipo de jogador se exige uma constância
que chega a ser cruel. E quanto mais o cara se mostra capaz menos se aceita que
passe uma partida sem protagonizar algo digno do sujeito diferenciado que
narradores e comentaristas insistem em dizer que ele é.
Até dos zagueiros se
exige refinamento. Um zagueiro com z maiúsculo, aquele tipo que não brinca em
serviço, que intimida o adversário só pela postura, ainda que venerado terá
sempre alguém a lhe apontar as deficiências. Já quando se trata de um homem de
frente tudo muda de figura, só nele a ausência de categoria pode quase ser
esquecida, perdoada.
Chega a ser bonito ver um Dadá Maravilha confessar sua
grosseria com aquela segurança de quem satisfez a torcida. E quanta beleza não
se escondia nos gols trombados de um Serginho Chulapa. É injusto não reconhecer
que se Fred cavou um lugar nesse panteão foi fazendo o que mais legítima um
homem de frente: gols.
Homens de frente são um caso à parte no futebol. Difícil
não reconhecer a graça do robusto Walter, mesmo com seu porte físico improvável.
Walter que mesmo jogando menos de quarenta minutos em duas partidas conseguiu
fazer três gols pelo Flu. E como não reconhecer a boa fase do Alan Kardec ou as
qualidades de um Jô? Mas como negar também que nenhum deles parece soar tão
fatal como os homens de frente que tínhamos outrora? Tomara que seja
só saudosismo.
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