Desconfio que apesar de tudo o que vimos rolar no gramado do Maracanã e no quase céu boliviano, onde fica o estádio de El Alto, o sentimento do torcedor com relação à Seleção Brasileira não sofreu grandes alterações nessa reta final das Eliminatórias para a Copa. Imagino que alimente esse sentimento um misto de curiosidade, uma pitada leve de pendor cívico, tudo isso temperado com a paixão pelo futebol que habita em muitos desde sempre, apesar das dores e provações a que as paixões costumam nos condenar. O jogo de terça contra a Bolívia foi uma provação. Teve um quê de castigo. A pergunta que me faço, às vezes, com certo receio da resposta, é a seguinte: e se Ancelotti não conseguir fazer a Seleção Brasileira jogar, quem seria capaz de dar conta de tão desafiadora missão ?
E vejam que não estou pedindo títulos, nada disso. Imagino algo que possa ser definido como um resgate da respeitabilidade, um certo reconhecimento de que há ali um time de se admirar. Mas reconheço que essa minha modéstia de quereres é de complexa execução porque conseguir isso sem levantar uma taça exige certa boa vontade de quem interpreta o desenrolar da história. Melhor seria ganhar uma Copa e pronto! Não há nada melhor para neutralizar a acidez dos críticos. Deixo aqui até uma ideia para o caso de termos de pensar em um novo treinador. Que tal Lionel Scaloni? Esse professor de trajetória tão singular, que sem jamais ter comandado um clube sequer, foi capaz não só de fazer da Argentina campeã do mundo, mas de alguma forma ajudar a pavimentar o caminho para que Lionel Messi pudesse, enfim, tomar o lugar que lhe pertencia no futebol argentino e mundial.
E antes que alguém passe a coçar a cabeça lendo estas linhas ao pensar que não temos um Messi, lhes digo que estou ciente disso. E concluo indo além na questão. Se vier a ser verdade o que se diz à boca pequena, que quem manda é o Messi, que os hermanos só chegaram onde chegaram porque quiseram jogar para ele e coisa e tal. Pois bem, então talvez more aí um motivo a mais para acreditar que Scaloni poderia nos ajudar, já que ele deve saber muito bem quem merece esse tipo de benesse, quem verdadeiramente é capaz de exercer tal papel. Mas o que eu sei é que as Eliminatórias ficaram para trás e, pela ótica grandiosa do tempo, talvez não tarde o dia em que seremos obrigados a apurar se os donos do jogo querem que Ancelotti continue, ou se terão de empreender a dura missão de substituí-lo.
Por hora, nos devolverão o Brasileirão, com uma rodada que analisada friamente tem tudo pra ser mais desafiadora para o Palmeiras, que recebe o Internacional, do que para o Flamengo, que encara o antepenúltimo colocado, o Juventude, mas no sempre caloroso Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. Para um rubro-negro tão endinheirado e confessadamente obcecado pela conquista do principal torneio de futebol do país qualquer resultado que não seja a vitória soará mal. Não que o Palmeiras, no Allianz Parque, tenha mais opções. Não tem. Agora, mais espinhosa será a rodada para o Cruzeiro que, talvez, munido da grande fase de Kaio Jorge, teima em se colocar entre rubro-negros e alviverdes e na segunda-feira irá fechar a rodada jogando em Salvador contra um Bahia que pareceu perder um pouco do fôlego diante do entusiasmado Mirassol. Bahia que ainda teve de dar conta das finais da Copa do Nordeste em meio à Data Fifa e ontem foi eliminado da Copa do Brasil.
Já o Santos escreverá o segundo capítulo da era Vojvoda, fora de casa, enfrentando o Atlético Mineiro, que escreverá o primeiro da segunda era Sampaoli. E pensar que dias atrás as manchetes diziam que a volta do treinador argentino à Vila não se deu porque o time não conseguiria atender às exigências dele. E imagino que deviam ser mesmo cabeludas, porque o Santos que ele terá de enfrentar encerrou a janela de transferências contratando muito, apesar de ter no mercado a credibilidade aniquilada como fez questão de dizer o próprio executivo de futebol do time alvinegro. Mas não tem nada não, como diria Peninha, o futuro nos dirá tudo o caldo que deu a Seleção com Don Carlo no comando, e em que pé foi parar a credibilidade santista.
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