Dizem que o mundo funciona graças a um mecanismo não desvendado que acaba por ordenar tudo. Sei, dito assim soa simplista. Mas é bem possível que você já tenha ouvido por aí teorias nessa linha. Sou capaz de aceitar esse tipo de pensamento mas tenho dificuldade em colocar o futebol nesse caldeirão. O que parece reinar nele é o mais absoluto caos. Vejam o caso do Corinthians. No início da temporada viveu momentos terríveis, como aquele em que emendou cinco derrotas seguidas no Campeonato Paulista algo que só tinha sido visto no ano em que o time acabou rebaixado no Brasileiro. Seria um alerta. Bem possível. O rebaixamento segue sendo uma ameaça considerável este ano.
Mas em matéria de futebol há o caminho das Copas, que costuma borrar um pouco o que se pensa a respeito de um time. Entendidos dirão que não é bem assim. Que me digam, então, qual seria a medida para analisar um time que, não sendo rebaixado, se faça campeão em uma dessas Copas. Suponhamos que o time do Parque São Jorge, que aprontou o que aprontou ontem no Castelão, chegue lá numa delas tendo batido o Flamengo pelo caminho. E se faço do Corinthians um mote não é por outro motivo que não pelo seu tamanho, pela sua importância nesse universo. Isso tudo muito bem espelhado no fuzuê causado pela contratação do holandês Menphis Depay.
E como negar que a temporada vá sendo salva por duas dezenas de contratações temerárias do ponto de vista econômico como fazem questão de objetar alguns sem que lhes possamos tirar a razão. Nunca houve limites para dirigentes quando precisam salvar a própria pele. Mas peguemos outro exemplo, os números que desfilam por aí - nos quais jamais acreditei e nos quais me esforço ao extremo para não me basear - e tente compreendê-los. É impossível. Sugerem lucros que não encontrariam base nem no mais bem sucedido dos papéis bancários. Conseguem se fazer mais abstratos do que já se faz a própria economia.
Mesmo o que pensamos a respeito do jogo de bola já não parece fazer sentido. O próprio Depay ao ser apresentado falou do nosso futebol como se ele ainda fosse aquele que tínhamos umas três ou quatro décadas atrás. Disse com todas as letras que aqui é a Meca do futebol, que o jogo bonito está em nossas terras. Não fosse pelo desconto dado a alguém que acaba de pousar aqui de paraquedas ou, sendo mais preciso, num jatinho que de tão luxuoso também se fez notícia. Só mesmo um recém chegado afirmaria isso sem acabar acusado de estar curtindo com a nossa cara. Por outro lado, nesse caos instalado, talvez tenha toda razão em dizer que aqui está a meca, afinal, foi onde encontrou rendimentos que já não tiraria agora nem da mais nobre das Ligas do continente europeu.
Vocês entendem? Tudo parece ao mesmo tempo fazer e não fazer sentido nesse mundo da bola. Os próprios resultados de muitos jogos. Será? E mais, o calendário que faz darmos de cara com um jogo de futebol a cada dia. Os salários estratosféricos. Vaquinha para pagar um estádio que foi obra de uma engenharia econômica e de isenções que nunca se sustentaram. Um VAR que soa como ameaça. Por essas e outras... do amante do jogo que torce o nariz quando inundam a curtição dele com dados contábeis prefiro nem fazer juízo. Acaba por ser quase instintivo se mostrar descontente quando transformam a diversão de alguém em algo tão complexo e suspeito.
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