E muitas vezes são eles também, os meninos, que times financeiramente fraturados acabam por colocar precocemente em campo para carregar o piano. O bom disso tudo é que se tem uma coisa que pode dar frescor ao jogo de bola é um garoto cheio de talento. O nome da hora é prova disso. Endrick, a joia palmeirense, do alto de seus pouco mais de dezesseis anos tem arrancado suspiros da crônica esportiva. Não à toa, diga-se. Mais do que acumular marcas , como a de ter se tornado o mais jovem a fazer um gol com a camisa do time profissional, esbanja em campo um poder de finalização e uma força física de impressionar. Um nascimento desse tipo nos gramados é algo tão forte que a gente não esquece. Os mais novos certamente lembram do desabrochar de um Neymar. Ou mais recentemente o de nomes como Vinicius Júnior e Rodrygo. Dois casos em que a engrenagem nos abrigou, como em tantos outros casos, a testemunhar o amadurecimento e o lapidar de seus talentos de longe.
Os mais velhos como eu certamente não esqueceram os queixos caídos quando nomes como Ronaldo Fenômeno, ou Ronaldinho Gaúcho, passaram a roubar a cena e aprontar tudo o que aprontaram. E para o bem do futebol eu espero é que Endrick seja dessa estirpe. O testemunho do pai dele depois de ter visto o filho sair de campo ovacionado e cercado pela euforia do título brasileiro dias atrás é realmente emocionante. O vagar pelos clubes tentando achar alguém que reconhecesse e, mais do que isso, amparasse o talento do filho. A consciência de ver o menino assinar o primeiro contrato como profissional na sala em que ele muitas vezes trabalhou fazendo a faxina. Tudo isso é mais do que qualquer outra coisa um retrato social.
E apesar dele, de sua brutalidade, os meninos, quero crer, vão continuar brotando. Meio que nos redimindo dessa notada falta de brilho . Mesmo partindo rápido, mesmo amadurecendo antes da hora. Fazendo-nos assim perceber que há uma parte muito nobre do dito nosso futebol que de certa forma não nos pertence, ou que quando a gente começa a curtir nos escapa.
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