Há muitas maneiras de dizer que nosso futebol se descolou da realidade que vemos se desenhar em especial pelos gramados europeus. Assim como há várias maneiras consagradas de definir essa desconfortável diferença. O modo mais comum é dizer que o que se pratica por lá na verdade é outro jogo. E é preciso admitir que se não é realmente um outro jogo é quase. E o sintoma mais cruel de tudo isso se vê na garotada cada vez mais encantada por Reais , PSGs, Barças... e cada vez menos por nossas camisas sempre vaidosas de suas pretensas tradições. Há para reforçar essa sensação o histórico recente do cobiçado Mundial de Clubes da FIFA que tem vitimado nossos melhores times. O Palmeiras no início do novo ano terá a oportunidade de mostrar que não é bem assim.
Agora, mais do que nos preocupar com o que se dá em campo deveríamos nos preocupar com a maneira como temos encarado as questões ligadas ao jogo de bola. Digo isso pensando em como os ingleses, por exemplo, tratam questões cruciais sobre o bendito impedimento e outros detalhes. Uma das consequências dessas diferenças é uma transmissão que incorpora outra dinâmica. Pra ilustrar a teoria vou resgatar aqui uma passagem que tenho a impressão de ter citado por aqui tempos atrás. Estava eu de olho na pelota que estava com o atacante de um dos times da Premier League perto do bico da grande área. Eis que ele a puxa para a diagonal e se encaminha em direção ao gol, numa fração de segundo o marcador ganha dele na corrida e lhe toma a bola, não sem evitar um tranco que levou o sujeito que já se via comemorando o gol ao chão.
Foi instintivo. Fiquei esperando aqueles gestos bruscos dos companheiros dele cobrando do juiz uma atitude a respeito e, também, fiquei esperando acima de tudo o replay do lance. Santa inocência a minha. O jogo seguiu sem sobressalto algum e o lance foi relegado ao esquecimento. Soou como uma lição. Essa realidade me fez lembrar de algo que foi notícia dias atrás. A cobrança do goleiro Ederson do Manchester City com relação à falta de amistosos da Seleção Brasileira com as grandes seleções do velho continente. Declaração corajosa se levarmos em conta que o arqueiro está na disputa pela vaga de titular do time comandado por Tite. O coordenador da Seleção Brasileira prontamente tratou de responder. E e esteve longe de o fazer em tom polido.
Dizer coisas do tipo "quem cuida desse planejamento somos nós", ou "se quiser uma explicação a esse respeito você me fala e eu te explico", soam ou não soam como aquele argumento gasto que defende que certas coisas devem ser tratadas internamente? Não que Ederson tenha sido polido. Mas o goleiro fazia uma crítica onde esse tipo de tom vira logo algo quase natural. A explicação dada para essa realidade que praticamente isola o time nacional dos grandes esquadrões do planeta é tão batida quando dizer que o futebol que se pratica por lá de tão diferente parece outro esporte. Como é fato que quem cuida disso deveria estar empenhado em achar uma solução. Só assim pra saber de verdade a quantas anda nosso futebol. Enfim, como disse, Juninho, o coordenador da Seleção, "não tem mágica".
2 comentários:
Ainda mais quando os selecionáveis estão em sua maioria no mesmo continente, seria interessante um embate com seleções de expressão e que frequentam as copas.
Mas quando não se tem o que argumentar o jeito é partir pra apelação autoritária.
É por aí, Delaim. Abraço
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