Eis que no último domingo , bem distante das margens do Ipiranga, um seleto grupo de clubes europeus decidiu anunciar a criação de uma Liga e, consequentemente, declarar independência da UEFA, a entidade que rege o futebol no velho continente. O que significou também dar uma escanteada na FIFA. Como era de se esperar a reação foi proporcional à ambição da proposta. Do alto da prepotência que o dinheiro costuma gerar os doze clubes fundadores deixaram claro que a ideia iria abolir o rebaixamento. Uma regra sem a qual todo o emaranhado de competições deixaria de fazer sentido.
O governo inglês não tardou a dizer que faria todos os esforços para inviabilizar o projeto, amparado num aporte de quatro bilhões de euros do banco JP Morgan. Figuras importantes e nem tão importantes do mundo da bola colocaram a boca no trombone também. A ideia não durou quarenta e oito horas. Mas a mim, logo de cara, uma coisa ficou muito clara: clubes de futebol não deveriam mesmo ter dono. Que me perdoem os defensores do clube-empresa.
A grita foi grande e o que vimos foi todo mundo pulando do barco. Deixando no ar a evidência de que o futebol é algo muito complexo. Quero acreditar que o corrido servirá ainda para que aqueles que defendem há muito tempo a criação de uma Liga por aqui reflitam melhor sobre a elaboração dela e suas consequências. Confesso, cá com meus botões, ter visto no ocorrido os poderosos do futebol sendo vitimados pelo sistema que alimentaram. Durante anos inflaram seu negócio de olho na grana dos outros. Pouco importando para isso se o dinheiro que ia para o cofre era limpo ou não.
Até que chegou uma hora em que os verdadeiramente endinheirados passaram a não ver mais razão para deixar que outros gerissem o que era alimentado com a grana deles. Se for esse o caso mais cedo ou mais tarde estaremos mesmo diante de uma ruptura sem precedentes na história do futebol. Enquanto do outro lado ficaram os que verdadeiramente amam o jogo, os torcedores. Fico pensando o que será que esses senhores pensam a respeito deles, como os encaram intimamente. Por certo não os temem.
Times como o Real Madrid e Barcelona com seus tentáculos derramados por outros continentes como a Ásia, talvez acreditem que já não dependam de quem está perto e os fez ser o que são. Nas redes, nas TVs, nos jornais, manchetes apontaram a morte do futebol. Não creio nela enquanto neste mundo houver uma bola e um menino. Quanto ao futebol como esses ditos nobres o conhecem e encaram não creio que valeria nenhuma espécie de lamento.
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