A quarta-feira da semana que vem será dia de eleição na FIFA. Uma mera formalidade. Joseph Blatter deverá ser reeleito, e mesmo ocupando o cargo há mais de uma década incluiu entre as suas promessas de campanha a intenção de "reconstruir a imagem da FIFA".
Também falou de reformas nos Comitês de ética, disciplinar e de apelação. Mas silenciou sobre o Comitê Executivo, principal orgão da entidade, cujos integrantes recentemente foram acusados de negociar votos para eleger futuras sedes de mundiais entre outras coisas.
Blatter chegou até mesmo a confessar já ter sido vítima de tentativa de suborno. Disse que quando era secretário-geral recebeu um envelope cheio de dinheiro e que não pôde recusá-lo por ter sido colocado no seu bolso. (Preparem-se porque o final da história é melhor)
Na impossibilidade da devolução, ao chegar à FIFA o entregou ao diretor financeiro que se encarregou de colocar o dinheiro na conta de um banco, de onde o mesmo seria sacado dias depois pelo próprio autor do suborno, que tinha sido avisado de que a quantia se encontrava lá, à sua disposição. Eu também gostaria de ter tido mais detalhes dessa história incrível mas Blatter é um homem atarefado, sem tempo para explicações menores.
Nestes dias que antecedem o pleito muita coisa tem sido dita. O fantasma da falência da ISL - o braço comercial da entidade, que durante vinte anos negociou os direitos de transmissão dos eventos organizados pela FIFA e naufragou em 2001 deixando uma dívida de 300 milhões de dólares - voltou a assombrar muita gente, inclusive, Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do nosso Comitê Organizador da Copa de 2014.
O caso ISL, o segundo maior colapso financeiro da história da Suiça, terminou com a FIFA fazendo um acordo com a justiça. Vejam. Ninguém foi preso. Muita gente teria tido que devolver dinheiro. O problema é que o sigilo desse acordo vem sendo contestado na justiça por um jornalista.
Mas ainda que a vitória dele, tão improvável quanto a derrota de Blatter, revele todos os nomes e valores, qual seria o tamanho do dano que poderia causar à FIFA? Os cartolas do primeiro escalão são mestres em manter o jogo sob controle e estão cansados de dar provas disso.
O fato é que a FIFA, mais do que nunca, vai deixando de ser uma casa acima de qualquer suspeita. E não podemos esquecer, por um só momento que seja, de um detalhe: o nosso destino nunca esteve tão atrelado a ela.
A ruína da "grande dama" do futebol, financeira ou moral, também será nossa. É por essas e outras que a minha indignação vai ficando cada vez maior. Onde já se viu gastar bilhões do dinheiro público com estádios num país como o nosso?
Por mim podem jogar qualquer traço de ufanismo com relação a Copa de 2014 no lixo, ele não me serve. Para mim é tudo muito claro. Se um dia formos um país digno, reconhecido, de primeiro mundo - pra usar um clichê, uma vez que o primeiro mundo se encontra em plena convulsão - não terá sido por causa de uma Copa do Mundo, ou por causa de uma edição dos Jogos Olímpicos.
segunda-feira, 30 de maio de 2011
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