Relembre aí os bate-papos que você travou nos últimos dias. As conversas no botequim, no banco,na padaria. Fiquei com a nítida impressão de que a estratégia atabalhoada - e arrogante - da CBF para escolher o novo treinador da seleção brasileira conseguiu o improvável, ou melhor, o indesejável.
A condução do negócio transformou o "não" de Muricy Ramalho em algo maior e mais saboroso pra ser discutido do que o "sim" de Mano Menezes. Pelo jeito o assunto foi ouvido até no silêncio das igrejas, entre uma reza e outra.
Você pode pensar o que quiser sobre esses fatos, partilhar da opinião que me parece da maioria, e achar que o Muricy deixou escapar uma chance de ouro, que não teve a noção exata da oportunidade que se apresentava. Mas é preciso dar ao fiel das Laranjeiras, Muricy Ramalho, o direito de cuidar da própria vida. E mais, optar por não conviver com o estilo de Ricardo Teixeira deixa no ar a possibilidade de uma certa sabedoria.
Enfim, mesmo sem aceitar a missão o treinador do Fluminense pôde sentir o gostinho do cargo, afinal, acordou no dia seguinte com o país discutindo uma decisão que era só dele. Dias depois a internet ainda navegava no mar da repercussão.
Na já tardia segunda-feira Zagallo disse que Muricy errou: "O Fluminense tinha que ficar em segundo plano. Em primeiro sempre vem a seleção, o seu país." Com todo o respeito Velho Lobo, por favor, Dunga se foi, viramos a página, vamos aproveitar a oportunidade para deixar de lado essa dose extrema de pátria quando o assunto é futebol. Até porque a pátria também tem suas obrigações, e pátria que se preza não deixa, jamais, seu torcedor sem segurança, saúde, educação e tantas outras coisas. Essa sim a mais verdadeira falta de amor à camisa.
E se o Muricy surpreendeu ao fazer questão de honrar a palavra dada, coisa rara neste nosso país farto de condutas deploráveis, o ex-comandante corintiano tem sido reconhecido não só pelo trabalho técnico, mas pelo comportamento franco, pela transparência. Neste ponto acredito que estamos, então, diante de um empate. Mas também não resta dúvida de que a convocação para o amistoso contra os Estados Unidos foi o primeiro lance de um treinador que saiu em desvantagem. E foi um bom lance. Mais do que nunca Mano tem nas mãos a tarefa de virar o jogo.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
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