O Campeonato Brasileiro está longe de ser um show de bola. Creio até que o tema central do artigo que você começa a ler agora só veio à tona por causa disso. Sei que se você é gremista ou palmeirense terá bons motivos pra discordar do meu ponto de vista. Mas tente ser compreensivo e pense na pobreza da maioria.
Não vamos nos enganar. Motivo de festa mesmo é coisa pra poucos, pra meia dúzia que pode ficar imaginando passear pela América do Sul na próxima temporada. No mais, é história pra boi dormir, algo que em outros tempos seria chamado de prêmio de consolação.
A Sul-Americana pode até render um dinheirinho, mas é divertimento desses que a gente nem se empolga muito de comentar com os amigos com aquela cara de quem está levando alguma vantagem. Isso sem falar naqueles torcedores para quem o futebol há muito virou castigo, ameaça constante. Aqueles que olham a tabela e fazem contas como quem recebe o salário e fica imaginando como chegará ao final do mês. Nos dois casos só mesmo bons dribles para espantar o prejuízo.
E como futebol e finanças acabaram lado a lado e você já vê até uma ponta de razão nesse meu descontentamento com o futebol nacional, vou dar uma dica. Se você está a fim de fortes emoções, depois, dê uma passadinha pelo caderno de economia. Com certeza vai encontrar por lá manchetes e jogadas geniais. Lances de tirar o sono também. Mas não se preocupe, nosso presidente sabe tudo de futebol e há de bolar um esquema para conter os avanços indesejáveis que amedrontam, inclusive, ingleses e alemães.
O embate anda tão emocionante nesse campo que as bolsas fazem de tudo pra conter o frenesi de quem está no jogo. Pode até não parecer, mas esporte e economia estão mais próximos do que aparentam. Para alguns especialistas essa proximidade seria capaz até de esclarecer a ausência dos Estados Unidos no topo do quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos ao longo da história. O que só aconteceu três vezes. Em 1936, quando eles se recuperavam da crise de 29, que se estendeu até 33, e ficou conhecida como "A Grande Depressão". Em 1976, depois da crise do petróleo. E agora em Pequim. Bom, agora a explicação está aí.
Dizem até que o mundo endinheirado da F1 anda de orelhas em pé com essa incerteza, a mesma que rouba a tranqüilidade dos ameaçados pelo rebaixamento. A economia mundial é uma senhora muito influente, forte o suficiente para fazer os patrocinadores tirarem o pé do acelerador.
O cenário parece só não assustar os magnatas do futebol, armados com suas cifras milionárias e sempre dispostos a pagar por atletas habilidosos, ou semi-habilidosos, um preço muito maior do que o mercado esperava.
Caso decida mesmo passar pelo caderno de economia, saiba que seu coração será exigido, porque lá a lógica é outra, e até aqueles que sempre ganharam estão tendo que se mexer. Isso sim é que é um jogo de arrepiar.
* artigo escrito para o jornal "A Tribuna", Santos
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
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2 comentários:
Para você colocar nas suas frases: "Escrever é uma questão de colocar acentos." (Machado de Assis)
Sem pretenções ou humildades... você faz mais que isso!
Falando em finanças, economia...eu li na net que a Sportv produziu uma série intitulada, o Buraco Negro do futebol, eu não posso acompanhar por não ter tv a cabo, então eu li no site deles, mas teria como a Tv Cultura produzir o inverso? Estou cansada de más notícias...hahahaha
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