terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

“Estádios, interesses, e outras divididas”

Apesar de todas as evidências, não cultive, não deixe crescer essa impressão de que nós, jornalistas, somos um time de sujeitos amargos. Juro que boa parte dos que conheço gosta mesmo é de falar de coisas boas, grandes acontecimentos, coisas do tipo. Mas nosso ponto de partida é o cotidiano, e aí, como você bem sabe, o jogo complica, e como complica.
Por mais que achem que nosso esporte preferido é ver o circo pegar fogo, insisto que temos preferências bem mais interessantes.

Vejamos o caso do Santos. E, para evitar qualquer juízo anterior, vamos imaginar que não se trata de um clube, e sim de uma empresa. Falam tanto em gestão profissional.
Vamos lembrar que essa empresa esteve entre as maiores do país nos últimos anos, revelando talentos e faturando alto. A primeira condição para manter o sucesso seria não correr o mínimo risco de ficar sem matéria-prima, leia-se jogadores.
A segunda seria não ficar sem dinheiro em caixa. Em tempo, a combinação pode ser fatal, como bem sabem os que entendem a dinâmica do mercado.

Agora, aceitar que um de seus executivos, talvez o mais importante deles, não esconda a insatisfação com o material humano que tem para trabalhar, é algo impensável para qualquer empresa de renome.
Se em uma grande corporação acontecimentos desse tipo não são tolerados, porque deveriam ser em um grande clube? Afinal, democracia, e liberdade de pensamentos, não estão entre as virtudes do futebol. Dirão os espertos que o mundo da bola tem outras razões. Não ouse duvidar, meu caro.

E já que a Copa de 2014 virou missão nacional, aproveito esse amargor para dizer também que não suporto ouvir gente dizer que construir um estádio é uma obra social, amparado no fato de que o esporte educa, afasta dos vícios. Sobre isso não resta dúvida. Mas o esporte que faz bem de verdade é o esporte atrelado à educação, que disciplina, que melhora a condição física e mental do aluno.

Quem tem a intenção de fazer o esporte ajudar o país deveria se encarregar de construir uma quadra digna em cada escola, com bolas e equipamentos em condições de uso. O resto é papo furado. Na minha opinião, dinheiro público para construir estádio, nunca. Os que ganham dinheiro com futebol que se encarreguem disso. Temos mais o que fazer.

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