quarta-feira, 11 de julho de 2018

O árbitro de vídeo

Rivellino me disse outro dia que considera o VAR, o árbitro de vídeo,o grande personagem desta Copa. Eu fiquei matutando. Fato é que o futebol nunca saiu do controle dos poderosos. E seu instrumento-mor de comando sempre se chamou arbitragem. Um mecanismo capaz de domar até o que é o grande diferencial desse esporte: a capacidade de fazer triunfar um escrete improvável. Qualidade que o faz ainda maior e que a torcida venera, ainda que reze pra que não venha a vitimar seu time. Há também os sorteios, os regulamentos, mas esse é outro papo.  

Pensem se haveria alguma possibilidade de um árbitro um tanto rebelde vir a ser um árbitro FIFA. Ter certo comando da arbitragem não é algo que se dá de modo claro, obviamente. E pra bom entendedor meia palavra basta. O futebol pela sua natureza talvez dispense até as palavras. Acho até que já propus cena parecida aqui em outra ocasião. Mas imagine o Infantino, presidente da FIFA, em uma recepção oficial, pouco antes de uma grande decisão conversando sobre o confronto e deixando claro que seria muito bom se tal seleção ganhasse. Depois, como quem não quer nada, na hora de se despedir do árbitro que em breve apitará tal contenda se despedisse dele dizendo - simplesmente -  que espera que ele faça um bom trabalho. 

O que uma frase dessa poderia sugerir? O que teria a intenção de comunicar? Colocaria em risco a tranquilidade de queM estará com o apito? Por essas e outras, penso eu, se quisermos um árbitro de vídeo verdadeiramente justo o ideal seria tirar o poder de decidir quando ele será usado das mãos daqueles que sempre foram os donos dessa possibilidade. E nem vem ao caso aqui lembrar de certos lances, como aquele pênalti escandaloso do alemão Boateng em cima de Berg, jogador da Suécia. O tipo de lance que qualquer um revendo a imagem daria o pênalti. Mas não deram. Eu, de minha parte, digo que usado desta maneira o árbitro de vídeo, no mínimo, seguirá sendo visto com reservas.  

Talvez o jeito seja dar aos times a possibilidade de pedir a revisão. O que foi sugerido por um outro amigo interessado no tema. Acho que a maior prova de que o árbitro de vídeo pode ser manipulado reside, por exemplo, na  constatação de que o mesmo foi infinitamente menos usado a partir do momento em que a Copa entrou numa fase, digamos, mais delicada. Talvez tenha sido por prudência. Vá lá. Mas uma certa hibernação é evidente. Trata-se, neste caso, da velha necessidade de não só ser mas parecer correto. Ainda que a CBF e os clubes não tenham chegado a um acordo sobre a conta a pagar, mais cedo ou mais tarde o futebol brasileiro terá de lidar com ele. Não custa ir refletindo sobre. 

No mais, da Seleção Brasileira teremos tempo pra falar. Deixo claro que sou do time que daria mais uma Copa ao Tite, com ressalvas, mas daria. Já o vivido por Neymar deixa no ar, sugere, que na ausência de um futebol grandiosos, o comportamento de um craque pode lhe corroer a imagem. A lembrança de Maradona me faz crer que  só quando o futebol é maior do que as pisadas de bola há alguma possibilidade de perdão. Mbappé, menos, mas também. Agora, não esperem que eu venha a dizer um dia o que é bom comportamento, ou como alguém deve se comportar. Neymar parece estar pagando um preço caro pelo seu.   

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