quarta-feira, 7 de março de 2012

Coisa de louco

Para tornar clara a indignação que pretendo dividir com vocês nesse espaço vale dizer que a sensação que trago em mim é que depois da invenção do hippie-chic eu não deveria duvidar de mais nada. Mas, quero acreditar, que doses homéricas de paz e amor jamais terão sido em vão.

Sabe o que é ? É essa tabelinha forçada entre futebol e cerveja que nunca me desceu redonda, e entalou de vez aqui na minha garganta desde o momento em que dei de cara com um comercial que usa a emblemática "Balada do Louco", dos Mutantes, composta por Arnaldo Baptista e Rita Lee, como trilha sonora.

Tá certo que o sistema a tudo consome, tal qual um buraco-negro, mas pra mim esse caso extrapolou todos os limites. Acredito que não faltarão oportunidades para voltar ao tema já que os nossos deputados acabam de dar o sinal verde para a liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios da Copa 2014.

Pois bem. Durante toda minha vida muitas foram as músicas que com seus versos rebeldes me deram a sensação de ser um cara normal, de não ser o único a sentir essa sensação de estar nadando contra a corrente. E a " Balada do Louco" pairava sempre acima de todas elas.

Depois de ouvi-la, passou a o importar menos que andassem dizendo aos quatro ventos que você era louco. Tenho certeza que ela funcionou, até ser reduzida a um jingle infame, como certificado de sanidade de muito maluco por aí. Agora, me digam o que tem de louco alguém que vive sentado no sofá ou na arquibancada bebendo?

O futebol, meus amigos, não se enganem, é normal. Extremamente careta e normal. E, o mais importante de tudo, ninguém nesse mundo deve precisar de uma dose de futebol pra ser feliz, ora bolas. Se você é feliz com o futebol, essa é uma outra história. Não há dependência aí, e isso faz toda a diferença.

Publicitários, por certo, terão um milhão de teorias para defender a peça que ora faço de alvo. Pensando bem, tá todo mundo louco. Só não dá pra dizer o "Oba" no final, como em uma outra música que não sei se vocês lembram, aquela do Silvio Brito.

O secretário geral da FIFA sugerir um chute na bunda do Brasil pode ser uma loucura. Mas o nosso Ministro das Relações Internacionais, Marco Aurélio Garcia, responder dizendo que o homem é um "vagabundo", também não é nenhuma prova de sanidade.

Mas exemplo de sobriedade porreta foi o ministro dizer: "Vocês sabem como é o ritmo do Brasil. Não é o ritmo europeu, germânico. Vamos fazer do nosso jeito". Diante disso só resta a pergunta: Do nosso jeito? Há algo mais preocupante do que isso?

Há tempos, e graças aos Mutantes como já disse, nem me importo se dizem que sou louco por pensar assim. Mais louco é quem me diz.

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