sexta-feira, 7 de março de 2025

FOTOGRAFIA: ANSEL ADAMS

 Autumn Moon, The High Sierra from Glacier Point1948








quinta-feira, 6 de março de 2025

Eu quero ver gol



Mesmo correndo sério risco de ser tomado por um descontente incorrigível não resisti e vou dividir com vocês algumas reflexões sobre a proposta feita pelo ex-zagueiro do Barcelona, Gerard Piqué, dias atrás, propondo uma alteração não exatamente para acabar com os jogos sem gol mas para adequar as regras de modo a, digamos, condenar um jogo que termina sem bola na rede. À primeira vista pode soar extravagante mas, depois de ter pensado um tanto a respeito, estou convencido de que seria uma boa atitude em prol do futebol. Mirem-se no exemplo do refrão daquela música que muitos de vocês já podem ter cantado algumas vezes. Falo daquele que brada: eu quero ver gol/ eu quero ver gol/ não precisa ser de placa eu quero ver gol.  

Não é à toa. O gol condensa o que o futebol tem de melhor.  A ausência dele empobrece o jogo de bola. Sou capaz de entender quando dizem que há jogos que terminam com o placar em zero a zero e que são elogiáveis. Mas talvez o sejam por terem desenhado em campo insistentemente uma infinidade de lances daqueles nos quais, não havendo a influência de um acaso qualquer, teriam terminado com várias bolas no fundo da rede. A boa sugestão de Piqué prega que os empates sem gols passassem a não dar aos times ponto algum. Segundo ele, essa pequena mudança seria capaz de mudar radicalmente as partidas nas quais o placar não tivesse sido movimentado até a metade da etapa final. Nesse momento os jogos iriam se abrir, aposta Piqué. Não duvido. 

E fiquei a imaginar ainda que uma resolução desse tipo seria uma espécie de xeque-mate nas retrancas. Talvez as fizessem menos eficazes diante do ímpeto de quem não vê com bons olhos sair de campo sem ter conquistado ponto algum. Também não  deixo de considerar que a imensa valentia de certos treinadores tentasse em pouco tempo nos convencer de que em determinado momento não deixar o adversário pontuar seria algo pelo qual valeria lutar. Não custa lembrar que foram desejos parecidos que levaram os homens que cuidam do futebol a passar a premiar a vitória com três pontos e não dois como, agora podemos dizer, antigamente.  

O discurso à época era de que isso tiraria mais dos times. Mas temos visto muitos deles deixarem de fazer questão da vitória. E talvez não seja apenas o instinto de preservação dos nossos treinadores que esteja por trás dessa conduta. No mínimo, atendido o desejo do ex-zagueiro espanhol, não seria diante de qualquer empate que nossos comandantes poderiam dizer que conquistaram um suado pontinho. Pra isso teriam de orientar seus jogadores a tramar em campo um jeito de vazar a defesa adversária, nem que fosse uma mísera vez. 

Já ouço aqui o locutor afirmando com o entusiasmo de quem está convencido de que encontrou uma verdade: "senhoras e senhores, o que se vê é que o time roxo amarelo e marrom, depois de ter marcado o gol de empate, simplesmente abriu mão do ataque". Mas o que me encantou na sugestão é sua eficácia. Uma vez decretada não há drible possível. Não é como aquela história de fazer o goleiro repor a bola em seis segundos, coisa que nunca aconteceu. Só serviu para espelhar a nossa realidade cotidiana em que leis não costumam pegar. Não permitir que um jogo sem gols se traduza em algum ganho seria como aumentar a exigência do jogo por aquilo que lhe define, o gol. Esse detalhe, detalhe tão nobre.

quarta-feira, 5 de março de 2025

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