Tenho com o futebol relação muito saudável. Nunca xinguei ninguém na hora de torcer, nunca me desgastei pensando nas alegrias que ele deixou de me dar, jamais olhei de lado para os que adoram outro time e, ainda que possa ser acusado de total apatia, só tiro um sarro usando o jogo como tema quando tenho certa intimidade com o interlocutor.
Nos casos em que não costumo segurar a onda, procuro ter em mente uma palavra que faço soar internamente como um mantra: parcimônia. Questão de educação, ainda que vocês não acreditem. Mas no exato momento em que escrevo estas linhas sou obrigado a ver um corintiano desfilando na redação com a camisa do Barcelona, o que quase me faz deixar de lado esses princípios que me são tão caros. Na verdade, ainda que tenha sido por um instante, deixei. Ah! Se deixei. Na terceira vez em que cruzei com ele, disparei:
_ Pô, essa daí é de um campeão legítimo, hein?
Sarrinho de nada. Se tratava de um amigo. Mas para não colocar a amizade em risco apertei um pouco o passo - já que estava de passagem - e na sequência não fiz força alguma para ouvir a resposta. Olha, não levem muito em conta essa minha rigidez moral. A minha regra pra esse tipo jogo é simples: Jamais permitir que a brincadeira derrote os bons modos.
Fazer essa espécie de auto-análise ludopédica foi o jeito que encontrei para tratar tão amarga derrota. Não me lembro em passado recente jogo que tenha despertado tamanho sarcasmo nos secadores, independentemente do seu nível de crueldade. Foi um embate que serviu pra muitas coisas. Pra mostrar quais são os santistas que gostam de analisar o jogo, e quais os que diante de uma possibilidade histórica se transformam numa espécie de "Pacheco", se é que os mais novos irão lembrar do famoso torcedor que era Brasil de qualquer jeito.
Aos mais entusiasmados andei dizendo que estavam exagerando por razão simples: Ou a vitória santista não seria muito provável ou tudo que andávamos falando do Barcelona de Pep Guardiola até ali era um tremendo exagero. Espero um desconto para o tom dessa nossa conversa, uma vez que ela não deixa de ser também um desabafo. Abro o coração pra dizer que esse jogo com o Barça me fez repensar muitas das minhas teorias.
Sempre acreditei e defendi o futebol limpo, mas toda aquela cortesia dos santistas, a todo instante fazendo questão de levantar os adversários do chão, de passar a mão em suas cabeças, chegou a me irritar. Jamais serei a favor de entradas duras ou desleais mas um pouco de virilidade não compromete a qualidade do jogo.
Por outro lado, me peguei pensando que diante de adversário de recursos tão leais e bonitos qualquer falta soava como tremenda deselegância, e ninguém ali queria ser chamado de brucutu. Seria muito bom se essa aura se instalasse na maioria das partidas. Mas pedir pra todo mundo jogar um pouco como o Barcelona é demais.
Quero crer que para nós, que vimos o jogo por esse vértice doloroso, tenha ficado alguma herança. Pelo que foi dito houve um ensinamento em tudo isso. Não me recordo de um jogo em que os derrotados, em uníssono, tenham dito que a derrota lhes ensinou. Muricy disse, Neymar disse, Ganso disse. No mais é acreditar nas palavras de Fernando Pessoa que dizia que
" conformar-se é submeter-se, e vencer é conformar-se, ser vencido. Por isso...vence só quem nunca consegue."
Nos casos em que não costumo segurar a onda, procuro ter em mente uma palavra que faço soar internamente como um mantra: parcimônia. Questão de educação, ainda que vocês não acreditem. Mas no exato momento em que escrevo estas linhas sou obrigado a ver um corintiano desfilando na redação com a camisa do Barcelona, o que quase me faz deixar de lado esses princípios que me são tão caros. Na verdade, ainda que tenha sido por um instante, deixei. Ah! Se deixei. Na terceira vez em que cruzei com ele, disparei:
_ Pô, essa daí é de um campeão legítimo, hein?
Sarrinho de nada. Se tratava de um amigo. Mas para não colocar a amizade em risco apertei um pouco o passo - já que estava de passagem - e na sequência não fiz força alguma para ouvir a resposta. Olha, não levem muito em conta essa minha rigidez moral. A minha regra pra esse tipo jogo é simples: Jamais permitir que a brincadeira derrote os bons modos.
Fazer essa espécie de auto-análise ludopédica foi o jeito que encontrei para tratar tão amarga derrota. Não me lembro em passado recente jogo que tenha despertado tamanho sarcasmo nos secadores, independentemente do seu nível de crueldade. Foi um embate que serviu pra muitas coisas. Pra mostrar quais são os santistas que gostam de analisar o jogo, e quais os que diante de uma possibilidade histórica se transformam numa espécie de "Pacheco", se é que os mais novos irão lembrar do famoso torcedor que era Brasil de qualquer jeito.
Aos mais entusiasmados andei dizendo que estavam exagerando por razão simples: Ou a vitória santista não seria muito provável ou tudo que andávamos falando do Barcelona de Pep Guardiola até ali era um tremendo exagero. Espero um desconto para o tom dessa nossa conversa, uma vez que ela não deixa de ser também um desabafo. Abro o coração pra dizer que esse jogo com o Barça me fez repensar muitas das minhas teorias.
Sempre acreditei e defendi o futebol limpo, mas toda aquela cortesia dos santistas, a todo instante fazendo questão de levantar os adversários do chão, de passar a mão em suas cabeças, chegou a me irritar. Jamais serei a favor de entradas duras ou desleais mas um pouco de virilidade não compromete a qualidade do jogo.
Por outro lado, me peguei pensando que diante de adversário de recursos tão leais e bonitos qualquer falta soava como tremenda deselegância, e ninguém ali queria ser chamado de brucutu. Seria muito bom se essa aura se instalasse na maioria das partidas. Mas pedir pra todo mundo jogar um pouco como o Barcelona é demais.
Quero crer que para nós, que vimos o jogo por esse vértice doloroso, tenha ficado alguma herança. Pelo que foi dito houve um ensinamento em tudo isso. Não me recordo de um jogo em que os derrotados, em uníssono, tenham dito que a derrota lhes ensinou. Muricy disse, Neymar disse, Ganso disse. No mais é acreditar nas palavras de Fernando Pessoa que dizia que
" conformar-se é submeter-se, e vencer é conformar-se, ser vencido. Por isso...vence só quem nunca consegue."