Os goleiros sempre mereceram um capítulo à parte na história do futebol brasileiro. Um longo capítulo. Atualmente, atletas como Marcos, do Palmeiras, e Rogério Ceni, do São Paulo, convencem muita gente de que é ali, na imensidão da tarefa de defender a meta, que a paixão pelo clube se mantém mais viva.
Não é pra menos.
Marcos fez o primeiro jogo pelo Palmeiras em 1992. De lá pra cá se agigantou e se tornou um ícone palmeirense. Respeitável também é a trajetória de Rogério Ceni e seu recorde de jogos com a camisa do São Paulo. Arqueiro refinado, técnico até na hora de jogar com os pés.
Eu sei, é provável que sem os títulos que conquistaram, os dois não teriam se livrado dos questionamentos que assombram todos aqueles que, apesar do enorme talento, não têm a sorte de se consagrar. A dependência do resultado é cruel. E sempre fez vítimas. Marcos e Rogério jamais foram confrontados pela torcida.
Gostaria muito de incluir o goleiro Fábio Costa nessa galeria. Mas acho que só ajudaria a reforçar um equívoco. Nos últimos tempos o nome do titular da meta santista esteve presente em vários episódios. Ter o pavio curto é um direito de todos. Mas é preciso arcar com as consequências.
Contratos longos, renovados antes do tempo, coisas assim, são privilégios que devem ser reservados aos que se tornaram uma unanimidade, ou aos que ficaram muito perto disso.
Alguém aí ouviu contestações quando os dirigentes do São Paulo decidiram renovar o contrato de Ceni até 2012? E no início desta semana quando o Palmeiras esticou o contrato com Marcos por mais meia década?E olha que estamos falando de dois atletas que já passaram dos trinta e cinco anos de idade.
Fábio Costa, tem trinta e um, e um currículo bem mais modesto que os arqueiros de São Paulo e Palmeiras. No entanto, teve seu contrato renovado por mais quatro anos no final de 2008. E dizem que ele está cotado para assumir, no futuro, um posto político dentro do clube.
Isso me leva a crer que, ou as notícias sobre o comportamento de Fábio Costa são injustas, ou os dirigentes do Santos se precipitaram ao colocá-lo na condição de atleta diferenciado.
O que a biografia dos grandes goleiros sugere, é que belas defesas não bastam para garantir um lugar de destaque na história.
Por outro lado, o longo contrato com o Santos continua dando ao capitão santista a chance de ir além de ser o goleiro que mais vezes vestiu a camisa do time da Vila.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Os escolhidos por Dunga
A minha impressão é que o técnico brasileiro acaba de anunciar a convocação mais bem aceita pelos torcedores da sua era à frente do escrete nacional. Reclamações clubísticas à parte.
Durante a coletiva, no entanto, Dunga disse ter conversado com Mano Menezes pela última vez quando Mano ainda estava no Grêmio. Mas, início deste mês, Mano confirmou que conversou com Dunga por telefone, quando teria respondido, inclusive, algumas perguntas do treinador da seleção sobre um determinado atleta do elenco corintiano, que na época não foi revelado. Hoje o nome parece óbvio.
Os convocados:
Goleiros:
Julio César (Internazionale)
Gomes (Tottenham)
Victor (Grêmio)
Laterais:
Maicon (Internazionale)
Daniel Alves (Barcelona)
Kleber (Internacional)
André Santos (Corinthians)
Zagueiros:
Alex (Chelsea)
Juan (Roma)
Lúcio (Bayern de Munique)
Luisão (Benfica)
Meio-campistas:
Anderson (Manchester United)
Gilberto Silva (Panathinaikos)
Josué (Wolfsburg)
Ramires (Cruzeiro)
Elano (Manchester City) Felipe Melo (Fiorentina) Júlio Baptista (Roma) Kaká (Milan)
Atacantes:
Alexandre Pato (Milan)
Luís Fabiano (Sevilla)
Nilmar (Internacional)
Robinho (Manchester City)
Durante a coletiva, no entanto, Dunga disse ter conversado com Mano Menezes pela última vez quando Mano ainda estava no Grêmio. Mas, início deste mês, Mano confirmou que conversou com Dunga por telefone, quando teria respondido, inclusive, algumas perguntas do treinador da seleção sobre um determinado atleta do elenco corintiano, que na época não foi revelado. Hoje o nome parece óbvio.
Os convocados:
Goleiros:
Julio César (Internazionale)
Gomes (Tottenham)
Victor (Grêmio)
Laterais:
Maicon (Internazionale)
Daniel Alves (Barcelona)
Kleber (Internacional)
André Santos (Corinthians)
Zagueiros:
Alex (Chelsea)
Juan (Roma)
Lúcio (Bayern de Munique)
Luisão (Benfica)
Meio-campistas:
Anderson (Manchester United)
Gilberto Silva (Panathinaikos)
Josué (Wolfsburg)
Ramires (Cruzeiro)
Elano (Manchester City) Felipe Melo (Fiorentina) Júlio Baptista (Roma) Kaká (Milan)
Atacantes:
Alexandre Pato (Milan)
Luís Fabiano (Sevilla)
Nilmar (Internacional)
Robinho (Manchester City)
Urgentes... são as manchetes !
O nosso longo campeonato de sete meses mal começou e já podemos detectar nas entrelinhas o coro dos descontentes. Quando o acontecido confirma o que já se sabia, é uma coisa. Caso do Santos, que está longe de impor o respeito de outros anos, e tem muita coisa pra acertar, muitos problemas pra resolver. Ou até mesmo do respaldado Palmeiras, que apesar de todos os recursos, há tempos anda em dívida com a torcida. Deve aquele futebol vistoso sugerido no início da temporada.
Mas no caso do Corinthians e do São Paulo a coisa muda de figura. O time do Parque São Jorge resgatou sua antiga condição. Atravessou em grande estilo a fronteira entre a segunda e a primeira divisão. Está novamente lado a lado com os maiores rivais, e não deixa dúvida de que voltou pra valer. Aí o time leva um gol de Nilmar, bonito é verdade, mas que ainda assim continua sendo um único gol. Depois vai até o Engenhão, não sai do zero a zero, não marca mas não leva, e começa um tremendo zum zum zum, porque esse não passou a bola para aquele, que falou não sei o que para aquele outro. Como assim, né?
Mas o rei das picuinhas pra mim é o São Paulo. E que ironia, justamente o time mais vencedor da história recente do nosso futebol, que começou a temporada perdendo seu jogador mais representativo e depois viu outros atletas do elenco às voltas com problemas, alguns nada simples. Apesar de tudo isso sofreu um mísero um a zero para o Fluminense, e por causa de um gol que o tricolor Maurício não voltará a fazer tão cedo. E na segunda vez que entrou em campo, pode não ter sido maravilhoso, mas arrancou um empate. E não se trata apenas disso.
O time do Morumbi - graças às decisões da Conmebol - passou dezessete dias sem entrar em campo pra valer. Há quem diga que é bom, há quem diga que não. Pois eu me limito a dizer que no mínimo não é normal. Mas quem leva em conta esses detalhes? Ora, se há dirigente no Morumbi insatisfeito, é porque não quer, ou não tem interesse, em reconhecer os feitos do próprio clube.
Ou alguém acha que é possível chegar ao título três vezes seguidas sem ter sido eficiente? Vamos imaginar que Muricy deixe o cargo. As portas de outros grandes clubes estarão abertas no dia seguinte. Meus amigos, ponham os pés no chão, estamos só na segunda rodada. Tenham a sabedoria de relaxar, não se rendam ao ritmo insano das manchetes.
Outra coisa, o passado nos ensinou que só dá pra ter uma boa ideia do que vai ser esse nosso Campeonato Brasileiro quando se fecham as famosas janelas do futebol europeu. E ainda tem a Libertadores, a Copa do Brasil. Seguimos condenados a ver em campo times poupados. Times mistos. Times sei lá o que.
Enquanto a coisa não esquenta de vez, pense na vida, leve as crianças pra dar um passeio, faça o que bem entender porque até os jogadores de Palmeiras e São Paulo, que farão uma das partidas mais esperadas da terceira rodada, estarão pensando em outra coisa quando entrarem em campo no domingo.
Quer saber no quê? Na Libertadores. Isso mesmo. Ninguém vai dizer. Niguém vai admitir. Mas o Campeonato Brasileiro ainda não chegou, o Campeonato Brasileiro vem aí.
Mas no caso do Corinthians e do São Paulo a coisa muda de figura. O time do Parque São Jorge resgatou sua antiga condição. Atravessou em grande estilo a fronteira entre a segunda e a primeira divisão. Está novamente lado a lado com os maiores rivais, e não deixa dúvida de que voltou pra valer. Aí o time leva um gol de Nilmar, bonito é verdade, mas que ainda assim continua sendo um único gol. Depois vai até o Engenhão, não sai do zero a zero, não marca mas não leva, e começa um tremendo zum zum zum, porque esse não passou a bola para aquele, que falou não sei o que para aquele outro. Como assim, né?
Mas o rei das picuinhas pra mim é o São Paulo. E que ironia, justamente o time mais vencedor da história recente do nosso futebol, que começou a temporada perdendo seu jogador mais representativo e depois viu outros atletas do elenco às voltas com problemas, alguns nada simples. Apesar de tudo isso sofreu um mísero um a zero para o Fluminense, e por causa de um gol que o tricolor Maurício não voltará a fazer tão cedo. E na segunda vez que entrou em campo, pode não ter sido maravilhoso, mas arrancou um empate. E não se trata apenas disso.
O time do Morumbi - graças às decisões da Conmebol - passou dezessete dias sem entrar em campo pra valer. Há quem diga que é bom, há quem diga que não. Pois eu me limito a dizer que no mínimo não é normal. Mas quem leva em conta esses detalhes? Ora, se há dirigente no Morumbi insatisfeito, é porque não quer, ou não tem interesse, em reconhecer os feitos do próprio clube.
Ou alguém acha que é possível chegar ao título três vezes seguidas sem ter sido eficiente? Vamos imaginar que Muricy deixe o cargo. As portas de outros grandes clubes estarão abertas no dia seguinte. Meus amigos, ponham os pés no chão, estamos só na segunda rodada. Tenham a sabedoria de relaxar, não se rendam ao ritmo insano das manchetes.
Outra coisa, o passado nos ensinou que só dá pra ter uma boa ideia do que vai ser esse nosso Campeonato Brasileiro quando se fecham as famosas janelas do futebol europeu. E ainda tem a Libertadores, a Copa do Brasil. Seguimos condenados a ver em campo times poupados. Times mistos. Times sei lá o que.
Enquanto a coisa não esquenta de vez, pense na vida, leve as crianças pra dar um passeio, faça o que bem entender porque até os jogadores de Palmeiras e São Paulo, que farão uma das partidas mais esperadas da terceira rodada, estarão pensando em outra coisa quando entrarem em campo no domingo.
Quer saber no quê? Na Libertadores. Isso mesmo. Ninguém vai dizer. Niguém vai admitir. Mas o Campeonato Brasileiro ainda não chegou, o Campeonato Brasileiro vem aí.
Inter x Flamengo - Copa do Brasil
No primeiro tempo o Flamengo mostrou seu respeitável tamanho
ao não se apequenar diante de um Beira-Rio lotado.
No segundo tempo Juan errou feio ao perder uma bola
que a rapidez e a visão de jogo de Nilmar transformaram num lance fatal,
concluído por Taison. Um a zero.
E não foi só ali que Juan atrapalhou o Flamengo.
Ao bater boca com Willians e Zé Roberto, também.
Emerson deixou o banco de reservas para fazer um gol - algo que parece cada vez mais distante de Obina- e colocar o time da Gávea temporariamente nas semifinais. Um a um.
Mas quando o árbitro Paulo César de Oliveira, no último minuto do tempo regulamentar, marcou uma falta na entrada da área, os jogadores do Flamengo reclamaram com a inquietação de quem parece antever o fim de uma alegria.
Caprichoso, quis o destino que o gol da vitória colorada nascesse dos pés de Andrézinho. Formado rubro-negro. Inter dois a um.
Depois disso, as palavras do camisa 10 D'Alessandro que ecoaram nos microfones poderiam ser de qualquer torcedor colorado:
"Estamos muy agradecidos"
ao não se apequenar diante de um Beira-Rio lotado.
No segundo tempo Juan errou feio ao perder uma bola
que a rapidez e a visão de jogo de Nilmar transformaram num lance fatal,
concluído por Taison. Um a zero.
E não foi só ali que Juan atrapalhou o Flamengo.
Ao bater boca com Willians e Zé Roberto, também.
Emerson deixou o banco de reservas para fazer um gol - algo que parece cada vez mais distante de Obina- e colocar o time da Gávea temporariamente nas semifinais. Um a um.
Mas quando o árbitro Paulo César de Oliveira, no último minuto do tempo regulamentar, marcou uma falta na entrada da área, os jogadores do Flamengo reclamaram com a inquietação de quem parece antever o fim de uma alegria.
Caprichoso, quis o destino que o gol da vitória colorada nascesse dos pés de Andrézinho. Formado rubro-negro. Inter dois a um.
Depois disso, as palavras do camisa 10 D'Alessandro que ecoaram nos microfones poderiam ser de qualquer torcedor colorado:
"Estamos muy agradecidos"
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Um outro nobre
Estas são palavras pretensiosas. Querem me levar a um tempo que não vivi. Querem enaltecer fatos que não testemunhei. São palavras encarregadas de descrever jogadas e lances geniais, alegrias que encontrei gravadas em velhas fitas, carinhosamente guardadas em arquivos.
Mas sei que os olhos de quem gosta de futebol não brilham à toa. Portanto, posso dizer, com tranquilidade também, que se aceitei essa missão foi por total comprometimento com o brilho que o futebol deposita nos olhos dos homens.
E apesar de tudo, dessa imaterialidade, sei que falo de um craque, com todas as letras. Não falo de um Rei. Falo de alguém que ajudou a sustentar um reinado. Falo de alguém que hoje do alto de seus cabelos brancos, do seu jeito reservado, deve sentir um cheiro intragável de mofo quando as manchetes dos jornais amanhecem questionando o peso do Ronaldo, ou invadem as bancas a exaltar a pouca idade de Neymar. O mundo do futebol condena os homens a velhos castigos.
O homem, de quem falo, que não vi em campo, tinha quinze anos e onze meses quando suportou o peso da camisa santista sobre as costas numa decisão. E não se tratava de um Santos qualquer.
Esta semana, quando abri a minha caixa de mensagens eletrônicas, lá estava um pedido, muito bem bem escrito, para que eu não deixasse passar em branco uma data: o dezessete de maio que marcará os cinquenta anos da conquista de seu primeiro título como profissional do time da Vila Belmiro. O Rio-São Paulo de 1959. Um dia já distante, que guarda em silêncio uma respeitável vitória sobre o Vasco da Gama com dois gols dele.
De um outro homem, o jornalista Michel Laurence, cujos olhos também brilharam ao me falar dos feitos desse escolhido, ouvi que Pelé foi um atleta acostumado a fazer os outros jogarem. Sim, ao lado dele eram praticamente obrigados a isso. Coutinho foi o único que fez isso ao inverso. Ao lado dele o eterno camisa 10 teve que se dobrar à vontade de Coutinho, que o fez jogar.
Por pura reverência, ao falar desse outro nobre, deixarei de lado os títulos. Deixarei de lado o respeitável número que o transformou no terceiro maior artilheiro do Santos FC, porque ele é de um tempo onde o importante era ganhar e não fazer gol, e porque talvez assim eu seja mais fiel ao seu estilo.
Das poucas horas que pude dividir com ele, sempre com a intenção de registrar uma entrevista, ficou a sensação de que estava diante de um homem que sabia muito bem onde deixar o brilho dos próprios olhos. Ficou ainda uma sensação de estar com alguém mais interessado em falar verdades, do que ouvir elogios. Coisa tão comum aos nobres.
Certa vez afirmou que jamais teve problemas com um marcador difícil, pois conseguiu se livrar de todos. Uma resposta que só não soa vaidosa na boca desse personagem que soube como poucos misturar rapidez e eficiência. Ao ser questionado sobre a data que se aproxima Coutinho mostrou o jeitão de sempre. E com sua voz um tanto rouca sentenciou: "Sinceramente, não sei. Faz cinquenta anos. Não lembro."
O tempo é assim, implacável, e o modo que se escreve a história, às vezes, também. Meio século depois, se ainda houvesse um Rei, ele talvez estivesse solitário sobre os gramados. A menos que esse senhor, de olhar duro, voltasse com seu futebol singular a encher os olhos da torcida de brilho.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Reminiscências estaduais
Imagine uma cidade chamada Corinthians.
E no dia em que o time que carrega o nome da cidade vai decidir o título estadual o que você vê pipocar nas janelas e varandas é a bandeira do rival. Não estranhem, essas linhas também nasceram de um sentimento confuso, provinciano... mas no fundo democrático.
Talvez por viverem numa terra com o nome do adversário é que fizeram tanta questão de escancarar a fidelidade. Só os pouco sacanas perderiam uma chance como aquela. Tudo soou como uma doce vingança. As buzinas teimando em quebrar a tranquilidade do entardecer. Os meninos gritando o nome do rival no meio da rua. Uma cena mexeu mais comigo.
Não posso negar. E não se trata de uma imagem nova, nem inédita. Falo de ver a velha praça tomada, com bandeiras alegremente desfraldadas tremulando ao sabor do vento e da maresia. Demorei pra aceitar que não havia lugar mais apropriado para a tal festa, ainda que fosse em nome de um time que não carregava o nome da cidade.
Ah! A Praça da Independência, de tantas alegrias.
Como se não bastasse, havia ainda a indignação com o estado do gramado do Pacembu e com o comportamento do zagueiro Domingos. E digo comportamento para não não usar a palavra atuação, já que Ronaldo não marcou e ele pode fazer disso um argumento para defender as atitudes que tomou.
Tá certo. Zagueiro não pode dar mole. Tem que ser eficiente. Tem que impor respeito. Tem muitas vezes que usar a força. Mas se ele pensa que o que andou fazendo encheu o torcedor santista de orgulho, faço questão de dizer que não integro esse time. Será que ele já ouviu falar de Domingos... o da Guia? Não vi Domingos da Guia jogar. Mas sei que ele jamais entrará para a história como seu xará.
Dirão os durões que era outro tempo, outro futebol. Senhores, me recuso a acreditar que o futebol mudou tanto assim. Nego essa evolução. E me pergunto, até agora, se algum dos seus superiores foi sincero o suficiente para dizer que ele ultrapassou, e muito, o limite do bom senso.
E as taças? Notaram as diferenças? A paulista refletia a opulência do estado mais rico. A do estadual do Rio, moderna, tinha linhas bonitas como a geografia carioca, enquanto a mineira sugeria uma bola cravada em duas folhas de metal. Mas fora dos grandes centros elas iam se enchendo de simplicidade e se aproximando daqueles troféus que vimos tantas vezes em competições menores. Com tubos coloridos sustentando bases para pequenas estatuetas esportivas.
Símbolos diferentes que o futebol tratou de vestir com a mesma magnitude. Diferenças sugerindo que o triunfo esportivo não tem matéria.
E agora, lá vamos nós atrás de outras taças.
E no dia em que o time que carrega o nome da cidade vai decidir o título estadual o que você vê pipocar nas janelas e varandas é a bandeira do rival. Não estranhem, essas linhas também nasceram de um sentimento confuso, provinciano... mas no fundo democrático.
Talvez por viverem numa terra com o nome do adversário é que fizeram tanta questão de escancarar a fidelidade. Só os pouco sacanas perderiam uma chance como aquela. Tudo soou como uma doce vingança. As buzinas teimando em quebrar a tranquilidade do entardecer. Os meninos gritando o nome do rival no meio da rua. Uma cena mexeu mais comigo.
Não posso negar. E não se trata de uma imagem nova, nem inédita. Falo de ver a velha praça tomada, com bandeiras alegremente desfraldadas tremulando ao sabor do vento e da maresia. Demorei pra aceitar que não havia lugar mais apropriado para a tal festa, ainda que fosse em nome de um time que não carregava o nome da cidade.
Ah! A Praça da Independência, de tantas alegrias.
Como se não bastasse, havia ainda a indignação com o estado do gramado do Pacembu e com o comportamento do zagueiro Domingos. E digo comportamento para não não usar a palavra atuação, já que Ronaldo não marcou e ele pode fazer disso um argumento para defender as atitudes que tomou.
Tá certo. Zagueiro não pode dar mole. Tem que ser eficiente. Tem que impor respeito. Tem muitas vezes que usar a força. Mas se ele pensa que o que andou fazendo encheu o torcedor santista de orgulho, faço questão de dizer que não integro esse time. Será que ele já ouviu falar de Domingos... o da Guia? Não vi Domingos da Guia jogar. Mas sei que ele jamais entrará para a história como seu xará.
Dirão os durões que era outro tempo, outro futebol. Senhores, me recuso a acreditar que o futebol mudou tanto assim. Nego essa evolução. E me pergunto, até agora, se algum dos seus superiores foi sincero o suficiente para dizer que ele ultrapassou, e muito, o limite do bom senso.
E as taças? Notaram as diferenças? A paulista refletia a opulência do estado mais rico. A do estadual do Rio, moderna, tinha linhas bonitas como a geografia carioca, enquanto a mineira sugeria uma bola cravada em duas folhas de metal. Mas fora dos grandes centros elas iam se enchendo de simplicidade e se aproximando daqueles troféus que vimos tantas vezes em competições menores. Com tubos coloridos sustentando bases para pequenas estatuetas esportivas.
Símbolos diferentes que o futebol tratou de vestir com a mesma magnitude. Diferenças sugerindo que o triunfo esportivo não tem matéria.
E agora, lá vamos nós atrás de outras taças.
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